Oposição protesta no Congresso contra prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro
Para seu núcleo mais próximo no Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) demonstrou forte contrariedade com a ocupação das Mesas da Câmara e do Senado por parlamentares bolsonaristas. Ele avalia que a oposição tenta emparedar o Legislativo brasileiro e chantagear as presidências das Casas para impor sua pauta.
Segundo um interlocutor, Alcolumbre considera que a estratégia do grupo repete um padrão de prejuízo ao país em nome de interesses particulares.
Primeiro, dizem aliados, houve a pressão em torno do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. Agora, o foco é paralisar os trabalhos do Congresso com a ocupação dos plenários — iniciada após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que decretou prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já pediu a condenação de Bolsonaro por crimes que, somados, podem chegar a 44 anos de prisão.
No Senado, a mobilização ocorre no momento em que estava programado um esforço concentrado para destravar votações de indicações para agências reguladoras — uma demanda antiga de parlamentares e do próprio governo.
Grupo de Alcolumbre critica 'chantagem' e cobra consenso
O grupo mais próximo de Alcolumbre classifica a ação da oposição como uma tentativa de chantagem institucional. Os bolsonaristas exigem o andamento de pautas como: impeachment do ministro Alexandre de Moraes, anistia a condenados pelo 8 de janeiro e fim do foro privilegiado.
De acordo com relatos, o próprio presidente do Senado desabafou que a ocupação física do plenário não é o caminho legítimo para se discutir essas pautas. Para ele, o único caminho possível é o consenso entre os líderes partidários, construído dentro das regras democráticas.
"Essa ação não é democrática", avaliou um aliado próximo.
Alcolumbre evita ações drásticas para não inflamar crise
Apesar da tensão, Alcolumbre tem resistido a adotar medidas mais duras para retomar os trabalhos do Congresso. Isso inclui acionar a polícia legislativa para desocupar os plenários ou realizar sessões em espaços alternativos, como outros plenários da Casa. A percepção entre seus aliados é de que essas ações agravariam a crise e passariam ao país a imagem de um Congresso refém de um grupo político.
Por ora, Alcolumbre aposta no diálogo com os líderes e no desgaste gradual do movimento. Ele convocou reunião com os chefes de bancada para esta quarta-feira (6), ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com a expectativa de construir uma saída institucional.