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Ação humana amplia a morte de animais marinhos no litoral do MA


Elefante-marinho é assustado por banhistas durante encalhe no Maranhão

Nas últimas semanas, o litoral do Maranhão registrou as mortes de vários animais marinhos, como um boto-cinza e de um elefante-marinho. Ambos tiveram um ponto em comum: a influência direta da ação humana, segundo o Instituto Amares, que atua no resgate de animais encalhados no estado.

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Um dos casos mais recentes aconteceu no dia 1º de dezembro, com o encalhe de um boto-cinza (Sotalia guianensis) na Praia do Araçagy, em São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís.

No entanto, ao chegar ao local, os técnicos do Instituto Amares afirmam que encontraram um obstáculo inesperado: o animal já havia sido colocado na caçamba de um caminhão de lixo do município e estava sendo soterrado pelo tratorista que fazia a coleta. A ação só foi suspensa após intervenção de bombeiros.

O boto foi levado ao Centro de Reabilitação e Despetrolização do Amares para necropsia, essencial para determinar a causa da morte. O exame confirmou que se tratava de um macho jovem, de 65 kg, que apresentava sinais de aprisionamento em rede de pesca e morte por asfixia. O estômago cheio também indicava que o animal estava saudável e se alimentando normalmente antes de ficar preso.

A espécie é costeira e bastante presente no litoral maranhense, sendo uma das mais afetadas pelas redes de pesca.

“Não é uma pesca intencional, mas esses animais se enroscam ao tentar retirar peixes e morrem antes mesmo de o pescador perceber”, ressalta o Amares.

Elefante-marinho jovem morre após encalhe no Caburé

Tartaruga, elefante-marinho e boto já foram encontrados encalhados no litoral maranhense, nas últimas semanas

Reprodução/Redes sociais

Duas semanas antes, em 16 de novembro, o instituto havia sido acionado para atender o chamado de um encalhe de elefante-marinho (Mirounga leonina) jovem encontrado na região do Caburé, em Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses.

O animal estava extremamente debilitado, com cortes no corpo e em estado magreza extrema. Em um vídeo postado nas redes sociais (veja no topo da reportagem), o elefante-marinho está na areia e algumas pessoas se aproximam como se o animal estivesse gostando. No entanto, ele acaba voltando ao mar assustado, mesmo não tendo forças.

Diante do caso, os especialistas transportaram o animal para São Luís, mas o elefante-marinho não resistiu e morreu no dia 18.

A necropsia apontou infecção generalizada, alterações renais e sinais de afogamento — consequência, segundo o instituto, da aproximação excessiva de curiosos no momento do resgate, que pode ter espantado o animal e provocado sua volta à água sem condições de natação.

Tartaruga marinha

Tartaruga é encontrada morta na orla de São Luís

Além do boto e do elefante-marinho, uma tartaruga foi encontrada morta, na manhã do dia 1º de dezembro, em uma das praias da região da Avenida Litorânea, em São Luís.

A causa da morte não foi divulgada, mas testemunhas afirmaram que uma das hipóteses está ligado ao uso de rede de pesca. O animal também foi capturado e colocado em uma caçamba de lixo, antes da retirada de forma correta.

Ação humana aumenta risco para animais marinhos

Segundo especialistas, encalhes de tartarugas e mamíferos marinhos ocorrem o ano inteiro no Maranhão e, na maioria das vezes, têm relação direta com atividades humanas, como:

Pesca de emalhe

Aproximação de banhistas

Interferência no trabalho de resgate

Devolução indevida à água

Quando assustados, animais debilitados podem retornar ao mar e morrer afogados — como ocorreu com o elefante-marinho.

"Além disso, algumas espécies podem portar patógenos perigosos, como a gripe aviária de alta patogenicidade, transmitida entre animais e humanos", afirma Nathali Ristau, coordenadora de pesquisa do Instituto Amares.

O que fazer ao encontrar um animal marinho encalhado

Não se aproxime

Não toque e não tente alimentar

Não devolva o animal ao mar

Acione imediatamente as equipes especializadas

O contato rápido com profissionais é essencial para salvar vidas e produzir dados que ajudam a reduzir mortes em interações com a pesca e outras atividades humanas. Para chamar imediatamente o Instituto Amares, especializado no encalhe de animais marinhos, o contato é (98) 9 8836-1717.

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