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Acordo UE-Mercosul: o que está em jogo para quem apoia e para quem resiste?


Representantes do Mercosul discutem políticas de cesso à terra em Manaus

Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul foi apresentado formalmente pela Comissão Europeia nesta quarta-feira (3), para análise do Parlamento e dos países que integram o bloco europeu.

O acordo agora precisa ser aprovado na União Europeia, o que exige uma votação no Parlamento Europeu e o apoio de uma maioria qualificada entre os governos do bloco — ou seja, 15 dos 27 países, representando 65% da população da UE. No entanto, a proposta tem provocado divergências entre os membros.

De um lado, há países que enxergam no acordo uma chance de ampliar suas exportações e reduzir a dependência de parceiros estratégicos. Do outro, estão aqueles que temem prejuízos em setores sensíveis da economia, especialmente diante da forte concorrência vinda da América do Sul.

Quais países são a favor?

A Comissão Europeia e países como Alemanha e Espanha defendem que o acordo com o Mercosul pode ajudar a compensar perdas comerciais causadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Inclusive, desde a reeleição de Trump, em novembro do ano passado, a UE se empenhou em buscar alianças comerciais, acelerando as negociações com a Índia, a Indonésia e os Emirados Árabes Unidos e aprofundando os laços com os parceiros de livre comércio existentes, como Reino Unido, Canadá e Japão.

Os defensores do acordo na UE veem o Mercosul como um mercado crescente para carros, máquinas e produtos químicos europeus e uma fonte confiável de minerais essenciais para sua transição verde, como o lítio metálico para baterias, do qual a Europa agora depende da China.

Eles também apontam para os benefícios agrícolas, já que o acordo ofereceria maior acesso e tarifas mais baixas para queijos, presunto e vinho da UE.

Além disso, para os países que apoiam a proposta, o acordo pode diminuir a dependência do bloco europeu em relação à China, especialmente no fornecimento de minerais essenciais.

Quais países são contra o acordo?

A França é um dos países que, há anos, se posiciona contra o acordo. Como um dos maiores produtores agrícolas da União Europeia, o país teme ser prejudicado, já que a América do Sul abriga grandes exportadores de grãos e alimentos.

Além da França, a Polônia também já se manifestou contra o acordo.

Agricultores europeus protestaram várias vezes, dizendo que o acordo levaria a importações baratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que não atendem aos padrões de segurança alimentar e ecológicos da UE. A Comissão negou que esse seja o caso.

Grupos ecologistas europeus também se opõem ao acordo. A organização Friends of the Earth o chamou de acordo "destruidor do clima".

Eles esperam que o acordo seja bloqueado, seja no Parlamento, onde os Verdes e a extrema direita são críticos, ou pelos governos da UE, que não teriam a maioria necessária se, como pode acontecer, a Polônia e a Itália se unirem à França na oposição.

Mesmo entre os países do Mercosul, o tratado gera controvérsias. Apesar do potencial de benefícios, especialistas avaliam que o bloco sul-americano pode ser impactado pela concorrência europeia.

Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante o G20 no Rio

Presidência da República via Reuters

*Matéria em atualização

(Com informações da Reuters)

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