Réus poderão recorrer em liberdade. Crime ocorreu em fevereiro de 2020, quando Andrew de 19 anos foi agredido e esfaqueado. Jovem de 19 anos morreu após briga em bar de Campinas
Reprodução/EPTV
Os dois homens acusados de agredir e assassinar Andrew Silva, de 19 anos, após uma confusão generalizada em um bar de Campinas (SP), vão a júri popular. A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) foi expedida nesta segunda-feira (23) após uma audiência de instrução.
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O crime ocorreu em fevereiro de 2020. Osmar José Pores da Silva, irmão do dono do estabelecimento, responde por homicídio qualificado, uma vez que teria matado o jovem a facada por motivo torpe e com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, segundo a denúncia.
Lucas Aparecido Ribeiro, identificado como cliente no processo, também responde por homicídio, mas com "participação de menor importância", pois teria interceptado Andrew no momento em que tentava fugir dos agressores, "o que possibilitou que fosse alcançado e agredido até a morte".
Em nota, a defesa de Ribeiro disse não concordar com a decisão da Justiça e afirma que vai entrar com recurso (confira o posicionamento completo abaixo). O g1 pediu à Defensoria Pública um posicionamento sobre Osmar.
Durante a audiência, Osmar permaneceu em silêncio, enquanto Lucas deu sua versão sobre o ocorrido. Além deles, uma vítima de agressão e quatro testemunhas também foram ouvidas. À seguir, veja um resumo dos depoimentos.
A versão do acusado
Lucas disse em depoimento à Justiça que não estava envolvido na briga e não viu o que motivou. Conta que chegou para pagar a conta e que viu pessoas quebrando o bar. O grupo também estaria furtando garrafas e torres de chope, segundo ele. Em determinado momento, ouviu alguém dizer "pega ele" em referência a Andrew, que teria furtado uma garrafa.
Suspeitando do rapaz, "deu de encontro com ele" e o derrubou. Neste momento, Lucas diz que o agrediu com um soco e não fez mais nada. Afirma que Andrew correu com uma garrafa que tinha pegado no estabelecimento contra o irmão de Osmar. Depois, diz que chegou muita gente e não reparou se o jovem ficou ferido, mas soube da existência da faca na situação.
Depois do soco, não fez mais nada e não ficou muito tempo no local.
Nota da defesa
Em nota ao g1, a defesa de Lucas manifestou "sua profunda consternação diante da recente pronúncia proferida em seu desfavor". Disse que não concorda com a decisão e informa que tomará todas as medidas legais cabíveis e que entrará com recurso.
"Conforme exaustivamente demonstrado nos autos do processo, a defesa sustenta a inocência de Lucas Aparecido Ribeiro, que não concorreu para o falecimento de Andrew. Além disso, ressalta-se que Lucas sequer tinha conhecimento da gravidade dos atos praticados pela vítima na destruição do bar".
"Acreditamos firmemente que a Justiça será restituída a Lucas Aparecido Ribeiro, e sua inocência será plenamente reconhecida", diz a nota. "Neste momento de dor e respeito aos familiares e amigos de Andrew, a Defesa reitera suas sinceras condolências aos enlutados", completa.
O que dizem as testemunhas
Um homem contou que estava com Andrew e alguns "conhecidos de bar". Segundo ele, a confusão teria começado após se envolverem em uma discussão com funcionários do estabelecimento por causa de um ketchup derrubado por um dos garçons, sem querer, na roupa de um dos clientes. Isso teria dado origem à briga generalizada, que envolveu agressões de ambas as partes.
Diz que já estavam indo embora quando foram abordados por um grupo com barras de ferro. Ele viu Andrew correndo e, depois, o encontrou caído no chão com um ferimento no abdômen. Ressaltou que eles não estavam com nada do estabelecimento, mas que, como estavam no meio da confusão e foram agredidos, revidaram.
Outro homem contou durante a audiência que viu de relance as agressões sofridas por Andrew. A testemunha, que afirma também ter sido agredida, relata que muitas pessoas pediram para que parassem as agressões contra a vítima que e tentaram ajudá-lo. Ele não se lembra de ver a facada contra o jovem, mas flagrou uma faca suja de sangue e uma mão a limpando.
O que diz uma das vítimas
Um depoente conta que se tratava de uma briga generalizada e que, ao virar uma rua, viu um jovem sendo agredido por muitas pessoas. Diz que pediu que parassem, mas o grupo foi para cima dele. Neste momento, foi esfaqueado no rosto e na orelha. Depois, foi derrubado e espancado. Quando as agressões cessaram, ele encontrou um amigo e foi para o hospital.
Como não se lembra de quem o agrediu, a Justiça entendeu que não há provas o suficiente para acusar Osmar ou Lucas por tentativa de homicídio contra essa vítima.
O que acontece agora
De acordo com o Tribunal de Justiça, os réus podem recorrer da decisão. Portanto, só depois de finalizada essa fase de recursos é que será marcada a data do julgamento, caso a sentença de pronúncia seja mantida.
Relembre o crime
Câmera de segurança registra momento em que jovem é agredido no centro de Campinas
A confusão teria começado no Bar Velho Casarão, e as agressões flagradas foram registradas na Rua José Paulino, próximo ao local. Andrew e outros dois rapazes foram agredidos com facadas e barras de ferro. O jovem chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Mário Gatti.
As agressões foram gravadas (veja abaixo). Outros dois jovens, de 20 e 23 anos, também precisaram ser encaminhados ao hospital. Uma testemunha ouvida pela EPTV no dia seguinte ao crime informou que a confusão começou na praça e o jovem teria sido confundido pelos agressores.
"Ele estava descendo para vir embora, quando a confusão que tinha começado na praça, eles desceram para procurar as pessoas e confundiram meu amigo com os que começaram a confusão. Pegaram ele e derrubaram. Chegou um pela frente dele, dando uma rasteira, e começaram a socar meu amigo."
Segundo a jovem, que preferiu não se identificar, um dos agressores estava com a faca, e os demais realizaram as agressões com auxílio de pedaços de madeira, taco de beisebol e ferros de chopeira.
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