
Moraes determina que Claudio Castro dê explicações sobre operação no Rio
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que o governador Cláudio Castro preste informações sobre a operação policial de terça-feira (28).
A decisão de Alexandre de Moraes veio após pedidos de entidades de direitos humanos e de partidos políticos, incluindo o PSB - um dos autores da ação que discute operações nas favelas do Rio de Janeiro. Em abril, o Supremo autorizou a ação de forças de segurança do estado, com regras para reduzir a letalidade e garantir direitos humanos nas comunidades. Entre as informações solicitadas nesta quarta-feira (29) por Moraes, estão:
número de agentes envolvidos;
número oficial de mortos, feridos e detidos;
se houve medidas para garantir a responsabilização em caso de eventuais abusos e violações de direitos, incluindo a atuação dos órgãos periciais e o uso de câmeras corporais e nas viaturas policiais;
a preservação do local para perícia e conservação dos vestígios do crime;
a observância rigorosa do princípio da proporcionalidade no uso da força, em especial nos horários de entrada e saída das escolas.
A audiência do governador Cláudio Castro será na segunda-feira (3).
O governo federal começou o dia debatendo a operação no Rio. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou de Cláudio Castro ação no combate ao contrabando e adulteração de combustíveis, que financiam o crime organizado:
"Eu penso que o governador deveria nos ajudar em relação a isso. O governo do estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustíveis, que é como você irriga o crime organizado. Para você pegar o andar de cima do crime organizado, que é quem efetivamente tem o dinheiro na mão e municia as milícias, você tem de combater de onde está vindo o dinheiro”.
O governo do Rio não respondeu.
Alexandre de Moraes, do STF, determina que governador Cláudio Castro preste informações sobre operação policial no RJ
Jornal Nacional/ Reprodução
Também pela manhã, o presidente Lula se reuniu com sete ministros no Palácio da Alvorada. Lula chegou da Ásia na terça-feira (28) à noite, e só então ficou sabendo da operação no Rio. Segundo interlocutores, não havia internet no avião do presidente.
Na saída, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski chamou de extremamente violenta e contou qual foi a reação do presidente Lula:
"O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais que se registaram no Rio de Janeiro e também, de certa maneira, se mostrou surpreso que operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal, sem possibilidade do governo federal poder de alguma forma participar com os recursos que tem, sobretudo com informações, sobretudo com apoio logístico”.
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