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Brasil concentra parte das reservas mundiais de minerais críticos, alvo de cobiça dos EUA e essenciais para produção tecnológica


O Brasil tem grande concentração de minerais críticos

Na quinta-feira (25), os brasileiros tomaram conhecimento de que os Estados Unidos estão interessados no acesso às reservas nacionais de minerais críticos. Eles são matéria-prima fundamental para a indústria de tecnologia.

Baterias de veículos elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e semicondutores são alguns dos produtos de alta tecnologia que dependem dos minerais críticos, assim chamados por causa do risco de escassez diante do aumento do consumo e das limitadas reservas no mundo. Outra característica que torna esses minerais ainda mais disputados é que eles são insubstituíveis.

A busca por lítio, níquel, nióbio e terras raras passou a ser uma prioridade mundial. E muitos dos caminhos levam ao Brasil. O país tem quase 90% das reservas mundiais e é hoje o líder na produção. O Brasil também tem a terceira maior de níquel. A sexta em lítio. E a segunda maior de terras raras, só fica atrás da China.

As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos normalmente encontrados misturados na natureza. Separá-los é caro e complexo. Para cada tonelada de minério, consegue-se retirar em média um quilo de terras raras. E dos 17 elementos, dois - o neodímio e o disprósio - são fundamentais para a indústria mundial de alta tecnologia.

Eles são usados para fazer os superímãs, essenciais na produção de carros, aviões de combate, drones e mísseis. No Brasil, há apenas uma mineradora de terras raras em operação: a Serra Verde, instalada em Minaçú, em Goiás, iniciou a produção comercial em janeiro de 2024.

Em 2024, o governo do então presidente Joe Biden anunciou o investimento privado na mineradora. A expectativa da empresa é - no auge da produção - extrair 5 mil toneladas por ano dos minerais dos superímãs. A demanda no mundo é de cerca de 100 mil toneladas anuais.

Essa semana, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil se reuniu com o Instituto Brasileiro de Mineração quando falou do interesse americano em realizar acordos envolvendo minerais estratégicos brasileiros.

Na corrida para entrar no mundo dos produtores de terras raras, o Brasil analisa suas reservas. Segundo o Ministério de Minas e Energia, estão sendo realizados estudos de viabilidade econômica para exploração de terras raras em Minas Gerais. E o Serviço Geológico do Brasil identificou possibilidades também em São Paulo, Paraná e Bahia.

O professor da escola politécnica da USP, Fernando José Gomes Landgraf, estima de dois a cinco anos para uma nova mineradora de terras raras começar a operar. Segundo ele, tempo para o Brasil construir as parcerias com os compradores.Estados Unidos e Europa poderiam ser parceiros, até para diminuírem a dependência da China, que produz 90% dos superímãs do mundo.

"É uma oportunidade de termos uma cooperação com os Estados Unidos nessa direção. Com os Estados Unidos, com a Europa. Eu considero muito importante estabelecer essas alianças. Não adianta a gente tentar sair sozinho aí de peito aberto, porque nós precisamos dos compradores, né? Nosso consumo de carros elétricos é pequeno, está certo? Então, a gente precisa estar em contato com os compradores, claro".

O Ministério de Minas e Energia informou que está na fase final de construção da Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos. Após fechar as regras de exploração desses minerais, o Brasil esperaratrair investimentos privados de longo prazo para cadeias produtivas de tecnologias limpas, como baterias, ímãs permanentes, carros elétricos e armazenamento de energia.

Brasil concentra parte das reservas mundiais de minerais críticos, alvo de cobiça dos EUA e essenciais para produção tecnológica

Reprodução/TV Globo

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