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Caseiro morto no Pantanal: entenda em 5 pontos como captura de onça pode ajudar a esclarecer o caso


Biólogo explica o que pode motivar felinos a atacarem seres humanos e o que deve acontecer após o animal ter sido capturado. O caso ainda é investigado pela polícia. Veja momento: onça-pintada que matou um caseiro chega ao centro de reabilitação em MS

A captura de uma onça-pintada macho no Pantanal de Aquidauana (MS) é uma estratégia para entender o que de fato provocou a morte de Jorge Avalo, de 60 anos. Ele foi encontrado morto na fazenda onde trabalhava, e a suspeita é de que tenha sido atacado pelo animal.

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Para entender como será a investigação, o g1 entrevistou o biólogo e coordenador da ONG Panthera, especialista em conservação de felinos no Brasil, Fernando Tortato. Nessa reportagem, você vai saber:

O que é feito logo após a captura do animal?

E se o ataque for confirmado?

Como será possível confirmar se a onça capturada foi a responsável pelo ataque?

O animal pode voltar a atacar seres humanos?

O que acontece com o animal depois da conclusão do caso?

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O que é feito logo após a captura do animal?

Ao g1, o biólogo explicou que, em um primeiro momento, é necessário confirmar, por meio do laudo pericial do corpo de Jorge, se a causa da morte foi realmente o ataque de uma onça.

"A situação é complexa. Ainda não temos nenhuma prova contundente de que Jorge foi atacado pela onça, apesar de haver indícios. Então, vamos aguardar essa perícia técnica e toda a investigação", destacou.

E se o ataque for confirmado?

Em caso de confirmação, outras questões passam a ser levantadas, como a condição física do animal. A onça capturada pesa 94 quilos, o que é considerado pouco para a espécie. Segundo as informações, onças-pintadas machos podem chegar a pesar cerca de 150 quilos no Pantanal.

"Existem estudos que comprovam que animais doentes ou com algum ferimento, como um dente quebrado, tendem a se expor mais a riscos e a atacar presas que não fazem parte da dieta natural da espécie, como animais domésticos, por exemplo. Eles passam a ter dificuldade para atacar outros animais selvagens e, por isso, buscam presas mais fáceis".

Como será possível confirmar se a onça capturada foi a responsável pelo ataque?

Fernando explica que, a partir do momento em que o animal está em cativeiro, é possível analisar sua alimentação nos últimos dias, por meio das fezes. Assim, será possível descobrir se o animal capturado foi o mesmo que atacou Jorge. "Pode ser feita uma análise de DNA para verificar se há carne humana no conteúdo estomacal", destaca.

O animal pode voltar a atacar seres humanos?

A partir do momento em que a captura é feita, um risco futuro é eliminado, segundo o especialista. De acordo com Fernando, animais que já atacaram um ser humano podem representar uma possibilidade de novo ataque no futuro. "Então, a captura é uma das opções a serem debatidas para remover esse animal e reduzir o risco de novos acidentes, além de preservar a vida da onça".

O que acontece com o animal depois da conclusão do caso?

Fernando afirma que a captura foi uma ação imediata. "Esse momento pós-captura gera oportunidades de obter respostas sobre esse caso. É uma situação muito complexa, com várias questões a serem respondidas. E depois, com esse animal em cativeiro, ele pode ter um destino, como, por exemplo, um criadouro conservacionista. É um debate que deve ser feito com todo corpo técnico envolvido, e é uma decisão que não será tomada de imediato".

Biólogo responde perguntas sobre captura de onça ao g1

Relembre o caso

A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou a morte do caseiro na segunda-feira (21) após encontrar pegadas do felino junto a partes do corpo do homem. Na terça-feira (22), outras partes do corpo foram localizadas pelas equipes de busca, em uma toca do felino dentro de uma mata fechada, a cerca de 300 metros do local do pesqueiro, no Pantanal de Aquidauana, onde ocorreu o ataque.

O corpo de Jorge foi sepultado após passar por uma série de exames periciais no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana. O laudo pericial deve ficar pronto em 10 dias, porém no corpo da vítima foram encontrados sinais que indicam mordidas e unhas de animal.

Vítima foi identificada como Jorge Avalo, de 60 anos.

Redes sociais/Reprodução

Onça-pintada capturada na madrugada desta quinta-feira (24).

PMA

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