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‘Cemitério de navios’ na Baía de Guanabara ainda tem 80 embarcações deterioradas


‘Cemitério de navios’ na Baía de Guanabara ainda tem 80 embarcações deterioradas

Mais de 80 embarcações estão abandonadas e se deteriorando na Baía de Guanabara. Conhecido como “cemitério de barcos”, o local traz risco ambiental, impede a conclusão de projetos importantes para a Região Metropolitana e ainda causa prejuízo para milhares de pescadores.

Inaugurado em 2013, o Terminal Público Pesqueiro de Niterói foi construído, mas nunca entrou em funcionamento.

Na época, custou mais de R$ 10 milhões. A promessa era gerar trabalho para mais de 15 mil pescadores que levariam diariamente cerca de 25 toneladas de peixes ao local.

No entanto, o espaço nunca foi inaugurado. Até hoje, nenhum peixe foi comercializado ali, já que é impossível passar com os barcos pesqueiros no meio do cemitério de embarcações.

“Não funcionou um único dia. Então aquilo representa um grande desperdício de dinheiro público”, diz o cientista ambiental Sérgio Ricardo.

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'Cemitério de navios' na Baía de Guanabara ainda tem 80 embarcações deterioradas

Reprodução/TV Globo

O terminal está cercado por lixo marítimo acumulado ao longo dos anos e se transformou em uma fábrica de prejuízos ambientais.

“O cemitério de embarcações afundadas e abandonadas na Baía de Guanabara começou a ser construído nos anos 80. Já na conferência Eco 92 o ‘Baía Viva’ cunhou esse conceito, cemitério de embarcações, e de lá pra cá só houve um aumento”, Sérgio Ricardo.

As estruturas ainda guardam óleo, que polui a água da Baía.

“O óleo acaba, por exemplo, com a etiofauna, os peixes por exemplo. E todas essas embarcações ainda possuem um tipo de óleo que fica despejando por todo esse tempo aqui. Isso sem falar do metal. Esses metais enferrujados estão indo pra onde? Para o fundo da Baía de Guanabara prejudicando muito a biodiversidade aquática”, explica o consultor ambiental Luiz Renato Vergara.

Um relatório da Capitania dos Portos mapeou todas as embarcações abandonadas com localização exata: latitude, longitude e fotos.

“São materiais, resíduos sólidos, lixo marítimo e é um passivo ambiental que deve ser cuidado. A remoção e a destinação final devem ser tratadas pelos órgãos competentes”, fala o capitão dos Portos do Rio de Janeiro, comandante Calixto.

'Cemitério de navios' na Baía de Guanabara ainda tem 80 embarcações deterioradas

Reprodução/TV Globo

A responsabilidade por retirar essas embarcações da água cabe aos órgãos públicos competentes, que precisam coordenar ações de remoção e destinação adequada dos cascos abandonados.

“A Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, como autoridade marítima, realizou o relatório e o entregou tanto ao Ministério Público Federal quanto ao governo do estado para subsidiar o processo que vai ser realizado desses cascos. Cabe a esses demais órgãos se organizarem para fazer a remoção.”

Em nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que "o processo de retirada dos 80 cascos abandonados está na fase preparatória dos documentos e contratação.”

Disse ainda que todo o projeto "conta com um investimento de R$ 25 milhões, e que os cascos vão ser enquadrados como resíduos em função do alto grau de degradação."

O Inea não deu prazo para o início da retirada do lixo marítimo. Os cascos abandonados ainda contribuem para o assoreamento da Baía.

“Projetos importantes e interessantes pra população deixam de ser executados, como a barca São Gonçalo-Rio de Janeiro. É uma dragagem que ia melhorar a vida marinha, a vida dos pescadores e fazer com que um milhão de pessoas pudessem ir pro Rio de Janeiro sem necessariamente passar por Niterói, melhorando o trânsito e a emissão de poluentes na atmosfera”, fala Vergara.

'Cemitério de navios' na Baía de Guanabara ainda tem 80 embarcações deterioradas

Reprodução/TV Globo

O que dizem a Prefeitura de Niterói e o Inea

A Prefeitura de Niterói disse que está fazendo a dragagem do Canal de São Lourenço — onde fica o terminal pesqueiro — e que, para finalizar a obra, vai fazer a remoção de até 11 embarcações que estão no caminho do maquinário.

Com isso, os barcos de pesca vão conseguir atracar plenamente no terminal. A prefeitura não deu prazo e afirmou que realiza o processo de concessão do terminal por meio de uma parceria público-privada.

O restante dos barcos, segundo a prefeitura, deve ser removido pelo estado.

Já o Inea disse que a expectativa é remover a primeira embarcação até o fim do ano. Mas não há prazo para o fim do trabalho.

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