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De devolução de aeronaves paradas a aumento da receita, Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial


Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial

"Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos. Bem mais leve". Foi assim que classificou John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, ao comentar os resultados operacionais e o andamento do processo de recuperação judicial pelo qual a companhia passa nos Estados Unidos, na noite desta quinta-feira (14).

Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.

Ao divulgar os dados do 2º trimestre, a Azul informou que alcançou receita operacional de R$ 4,9 bilhões, alta de 18% no comparativo com abril a junho de 2024. Um resultado impulsionado principalmente pela alta demanda registrada, entre eles a participação dos mercados internacionais.

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'Mais leve'

Ao falar que a companhia fica mais leve, Rodgerson destacou como "peso" o pagamento de aluguel por aeronaves paradas, fora de operação, que davam custos à Azul sem a possibilidade de receita.

"Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando, e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente. Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leve", disse.

Assim, entre as ações já estabelecidas estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.

"Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estavámos pagando aluguel por aeronaves que não iam voar mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve. Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos, e crescer um pouco mais modesto daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente", defendeu o CEO.

A Azul projeta que a redução da frota total ao fim do processo será menor que o corte dessas aeronaves fora de operação, pois haverá chegada de novos aviões.

Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.

Redução de frota? Entenda o que prevê Azul no plano de recuperação judicial nos EUA

Otimizar hubs

A melhora nos resultados operacionais passa por atuar em rotas com maior demanda, o que explica, por exemplo, o encerramento de operações de voos em 14 cidades brasileiras em 2025.

As mudanças ocorreram em março e parte havia sido anunciada em janeiro - quando a companhia comunicou a suspensão em 12 municípios.

Em uma apresentação para investidores, a companhia informou, no início de agosto, que o encerramento das operações nas cidades "não lucrativas" representava a eliminação de 53 rotas - veja lista abaixo.

Na coletiva desta quinta, a empresa destacou que os destinos cancelados representavam 0,3% da receita líquida de companhia.

"Com as mudanças, a companhia adaptou sua malha para a operação dos próximos meses, quando se inicia o período da alta temporada. A Azul fez um planejamento de malha com oferta de 3,6 mil voos extras e oferta de 520 mil assentos em todo o país, com destaque para operações inéditas a partir do aeroporto de Congonhas. Pela primeira vez, a Companhia converterá 45% dos voos originalmente voltados ao público corporativo em operações sazonais de lazer para atender a intensa demanda do período", destacou a empresa, em comunicado. 

Lista de cidades

Crateús(CE)

São Benedito(CE)

Sobral (CE)

Iguatú (CE)

Campos (RJ);

Correia Pinto (SC)

Jaguaruna (SC)

Mossoró (RN)

São Raimundo Nonato (PI)

Parnaíba (PI)

Rio Verde (GO)

Barreirinhas (MA)

Três Lagoas (MS)

Ponta Grossa (PR)

Agora, a companhia afirma que irá focar em seus hubs - o principal deles é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Entre as principais operações também estão Confins (MG) e Recife (PE), mas a Azul informou que haverá investimentos para aumento nas operações em Porto Alegre (RS).

Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas

Azul/Divulgação

Recuperação judicial

A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.

Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.

O que está por trás da suspensão? g1 entrevista CEO, que revela corte de custos

"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.

No início de julho, a companhia informou ao g1 que obteve a aprovação final de todas as petições feitas durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.

Cronograma da recuperação judicial

Nesta quinta (14), Fábio Campos explicou que até o momento não houve qualquer objeção da justiça e dos credores dentro das ações apresentadas pela companhia em sete audiências, e que tudo ocorre dentro do cronograma estimado.

A apresentação do plano estutural completo, em setembro, marca, segundo Fábio, o começo da caminhada para a saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com a expectativa pelo encerramento do processo em dezembro.

Anúncio da suspensão em 12 cidades

Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste

Em janeiro, quando fez o anúncio da suspensão das operações em 12 cidades, a companhia destacou que "as mudanças fazem parte do planejamento operacional, e os clientes impactados estão sendo comunicados previamente e receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)".

Na época, antes mesmo do processo de recuperação judicial nos EUA, a companhia citou os impactos causados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta no dólar, somada às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda entre as justificativas para a suspensão.

Pelos mesmos motivos, anunciou na mesma ocasião que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados somente a partir de Recife (PE) e que os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos.

As operações no aeroporto de Caruaru (PE) também foram "readequadas" devido à baixa ocupação. Os voos passaram a ser operados por aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove clientes.

A companhia ressaltou que “como empresa competitiva, reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda”. Disse ainda que “está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional”.

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