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Dia do Capoeirista: professor usa a arte para transformar vidas em projeto social em MG


Projeto social reúne crianças, jovens e adultos em aulas voluntárias de capoeira em Pará de Minas

Nélio Roberto/Arquivo Pessoal

Neste domingo (3) é celebrado o Dia do Capoeirista, data que homenageia a capoeira — expressão cultural brasileira nascida da resistência do povo negro. Em Pará de Minas, no Centro-Oeste de Minas, quem representa essa força é Nélio Roberto, de 43 anos. Casado, pai de dois filhos e conhecido como “Pagodeiro” na comunidade, ele carrega mais de duas décadas de dedicação à arte.

"Comecei a capoeira nos anos de 1999 e 2000, por meio de amigos do dia a dia. Estava afim de praticar algum esporte, já mexia com bola, vôlei, essas coisas... Aí fui conhecer a capoeira e, a partir disso, iniciei meus treinos e nunca mais parei", contou.

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O impacto social da capoeira na vida de Nélio se reflete em projetos que ele ajudou a criar e conduzir. O primeiro começou em 2008, no bairro Recanto da Lagoa, em um espaço conhecido como “restaurante da criança”, ou restaurante da Dona Fia.

Na época, o projeto começou com 10 a 15 alunos e chegou a atender até 120 crianças e adolescentes, muitas delas em situação de vulnerabilidade social.

"A gente trabalhou com várias idades, várias pessoas de risco social, pessoas socialmente diferentes", explicou Nélio, reforçando a necessidade de um projeto que acolha crianças e adolescentes até adultos e idosos.

Por motivos profissionais, Nélio precisou interromper temporariamente as aulas, mas seguiu praticando capoeira. Em 2015, veio um novo convite: o presidente do clube Praça de Esportes de Pará de Minas propôs retomar as atividades, e assim nasceu o projeto Capoeira na Praça.

Inicialmente restrito aos sócios do clube, o projeto logo se abriu para a comunidade. Hoje, é uma iniciativa voluntária de inclusão social, que completa 10 anos em 2025. Atualmente, o grupo atende cerca de 70 pessoas, com idades entre cinco e 65 anos.

“Esse projeto foi crescendo e evoluindo. Tenho alunos desde o começo, e até alunos que eram do meu antigo projeto, de 2008, voltaram a treinar comigo”, acrescentou.

Alunos se reúnem em roda de capoeira durante atividade

Nélio Roberto/Arquivo Pessoal

Um diferencial marcante do projeto é a forte presença de mulheres e famílias inteiras. “Tem muita mulher, muita criança e muita família. Os pais trazem os filhos para conhecer a capoeira e acabam treinando junto. Então, tenho uma turma bem diferente do que se vê em outros projetos”, explicou.

Para Nélio, o Dia do Capoeirista é um lembrete da essência e da resistência que a arte carrega.

“O capoeirista, como o negro, ainda sofre preconceitos que talvez um professor de outra arte marcial não sofra. A capoeira já vem com essa carga de resistência. Por isso é importante ter um dia que lembre essa luta".

A mensagem que ele deixa para a data é de incentivo à arte, ao esporte e à convivência.

“Conheçam a capoeira, que é uma arte que engloba muitas outras. Incentivem seus filhos a praticar, que isso traz muitos benefícios para a vida. E não só a capoeira: tirem as crianças das telas e levem para o esporte, seja qual for. O esporte salva vidas", finalizou.

Nélio Roberto durante participação em evento de capoeira

Nélio Roberto/Arquivo Pessoal

*Estagiária sob supervisão de Mariana Dias

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