
É #FAKE cartaz que compara número de desempregados com beneficiários do Bolsa Família
Reprodução
Circula nas redes sociais um cartaz que compara o número de desempregados do Brasil ao de beneficiários do Bolsa Família. A mensagem sugere que esses dados são comparáveis e que o programa do governo federal seria voltado apenas a quem não tem trabalho. É #FAKE.
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🛑 Como é a publicação falsa?
A mensagem diz: "Se o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] diz que há apenas 6,8 milhões de desempregados no Brasil, por qual razão o governo distribui Bolsa Família para 54,3 mihões de pessoas".
O texto mente ao sugerir que esses dados são comparáveis (entenda a seguir). Além disso, usa números desatualizadas (veja ao final desta reportagem).
Esse cartaz, que já viralizou no ano passado, voltou circular no início de outubro no WhatsApp. Mas uma busca pela origem do contéudo mostra que ele também se espalhou por X, Instagram, TikTok, Facebook e LinkedIn.
⚠️ Por que isso é fake?
Marta Arretche, professora titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), explica que "a principal regra para receber o Programa Bolsa Família não é estar desempregado ou ter renda 'zero'".
"Em vez disso, a regra principal é que a renda mensal da família/domicílio não pode ultrapassar R$ 218 per capita. Para se enquadrar, é necessário somar a renda total da família e dividir pelo número de membros. Um domicílio que tenha apenas uma pessoa trabalhando, com uma renda de 1 salário mínimo [R$ 1.518,00], e tenha 7 pessoas na família é elegível", exemplifica a especialista. Nesse caso, a renda per capita seria de R$ 216,85.
Na seção "Desemprego" de seu site oficial, o IBGE explica: "É importante ressaltar que o recebimento de algum benefício de programas sociais, como por exemplo: bolsa família, benefício de prestação continuada (BPC), seguro desemprego etc., não tem correlação direta com a ocupação ou desocupação. Esses beneficiários, por exemplo, podem ser classificados como parte da força de trabalho (como ocupados ou desocupados) ou estarem fora da força de trabalho".
O Fato ou Fake mostrou o cartaz à assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), responsável pelo Bolsa Família. A resposta, por e-mail, diz:
Os dois indicadores mostrados na mensagem falsa não são comparáveis, pois tratam de universos distintos: enquanto o dado do IBGE tem foco individual e trabalhista, o Bolsa Família é uma política de transferência de renda voltada à proteção social de famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade.
O Bolsa Família não tem caráter trabalhista ou de geração de emprego, mas atua de forma articulada com as políticas de assistência social, saúde e educação, enfrentando múltiplas dimensões da pobreza e promovendo inclusão social.
A existência de vínculo formal de trabalho (estar trabalhando) não exclui automaticamente uma família do programa.
A lei estabelece que são elegíveis ao programa as famílias inscritas no Cadastro Único cuja renda mensal por pessoa seja igual ou inferior a R$ 218. Esse texto está no artigo 5º da lei 14.601, de 19 de junho de 2023.
O Bolsa Família tem papel estratégico na proteção de grupos historicamente vulneráveis (mulheres responsáveis pelo núcleo familiar; crianças; adolescentes; povos indígenas; comunidades quilombolas; catadores de materiais recicláveis; e outros segmentos em risco social).
Desde 2023, com a criação da Regra de Proteção, famílias que têm aumento de renda superior a R$ 218 por pessoa (inclusive por emprego formal) podem permanecer no Bolsa Família por até 12 meses, desde que a renda mensal por pessoa não ultrapasse R$ 706.
O programa também tem Retorno Garantido, que assegura o reingresso automático até três anos após o desligamento. Dessa forma, as famílias não precisam reiniciar o processo de seleção.
▶️ Quais são os números corretos?
Além da confusão conceitual, o cartaz traz números desatualizados. Procurado pelo Fato ou Fake, o IBGE aponta que há um erro nos dados de desocupação. O total de desocupados no trimestre (junho-julho-agosto), segundo a Pnad Contínua Mensal, foi de 6,084 milhões de pessoas, que pode ser arredondado para 6,1 milhões de pessoas (e não 6,8 milhões de pessoas, como diz a mensagem falsa).
Já MDS informa, com base em dados oficiais de outubro de 2025, que o Bolsa Família beneficia atualmente 49.402.276 pessoas (e não 54,3 milhões, como diz a mensagem falsa), distribuídas em cerca de 18,9 milhões de famílias em todo o país. Cada família recebe um valor calculado conforme sua composição, número de integrantes e características específicas, como presença de crianças, gestantes e adolescentes.
É #FAKE cartaz que compara número de desempregados com beneficiários do Bolsa Família
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