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Em meio ao aumento de casos de SRAGs, 95% das UTIs pediátricas estão ocupadas em hospital do AC


Entretanto, ocupação dos leitos clínicos caiu de 50 para 44 em pouco mais de duas semanas. Em abril, número de internações de crianças subiu por conta de quadros de bronquiolite. Estado teve aumento nos casos graves de bronquiolite

Odair Leal/Sesacre

Em meio ao aumento na incidência de síndromes respiratórias agudas graves (SRAGs), as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas estão com 95% das vagas ocupadas no Hospital da Criança, conforme painel de monitoramento atualizado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre). Segundo o painel, 19 das 20 unidades estavam ocupadas até a manhã desta sexta-feira (2).

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O número indica um crescimento, já que, até a primeira quinzena do mês passado eram 17 crianças internadas nas UTIs da unidade. Já o número de internações nos leitos de enfermaria caiu de 50 para 44.

No mês de abril, a Sesacre informou que a maioria dos casos estava ligada ao vírus sincicial respiratório, responsável por cerca de 80% das bronquiolites em bebês de até dois anos. O órgão investe em estratégias de prevenção.

Com isso, a rede estadual de saúde inaugurou 20 novos leitos de UTI semi-intensiva pediátrica, além de 10 novos leitos de enfermaria no Hospital da Criança que está funcionando no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC).

Aumento de casos

Conforme o boletim epidemiológico das SRAGs, divulgado pela Sesacre, da primeira semana epidemiológica de 2025 até a 15ª (de 6 a 12 de abril), o estado já teve 672 notificações de síndromes. Destas, mais de 240 foram diagnosticadas em crianças de 0 a nove anos.

O levantamento também indica que, considerando crianças de um a quatro anos, os casos de SRAG nas primeiras 15 semanas epidemiológicas supera o mesmo período no ano passado.

Casos de SRAG aumentaram entre crianças de um a quatro anos no Acre

Reprodução/Sesacre

Sintomas

Naquele mês, a Rede Amazônica Acre mostrou a situação de Eduarda Gomes, que, há quinze dias, acompanhava o filho Ravi no Hospital. Ele tem apenas meses de vida e enfrenta um quadro de bronquiolite. O irmão gêmeo Reynier também foi internado, mas já estava em casa. Enquanto um se recuperava, o outro ainda precisa de cuidados na unidade pediátrica.

"Eles começaram com uma gripezinha leve, como é sempre que começa a bronquiolite, aí foi se agravando, com um cansaço. A gente foi pro PS e fomos transferidos pra cá. O Ravi ficou um pouco mais grave e precisou ficar oito dias entubado, na UTI do Hospital da Criança", disse ela.

A mãe ainda relata o quanto é difícil viver esse momento com os filhos.

"É complicado, porque a gente fica com medo, sem saber o que fazer, ainda mais porque precisou ser entubado. Quem tiver seus filhos eu falo pra ficar em casa, não ficar saindo e evitar aglomeração, porque é difícil. A gente fica impotente, sem poder fazer nada", lamentou Eduarda.

A médica intensivista pediátrica Elizabeth Souza explicou que a bronquiolite é uma doença viral aguda, que acomete crianças abaixo de dois anos e quanto menor a criança, maior a gravidade da doença nela. "Ou seja, crianças abaixo de três meses são as crianças que desenvolvem o quadro mais grave", afirmou.

Elizabeth esclareceu que a falta de ar é o principal sintoma que motiva a internação da criança.

"Aquela criança que respira fazendo barulho ou que a barriguinha fica num movimento muito rápido na respiração, afundando as costelas, essas crianças às vezes ficam um pouco roxinhas nos lábios, são as crianças que geralmente são internadas pra receber a hidratação, se houver necessidade recebe oxigênio também, que é o tratamento básico da bronquiolite", evidenciou.

Bronquiolite em crianças: Aumento de casos da doença fez saúde do Acre ampliar leitos

Para ampliar a proteção, o Ministério da Saúde divulgou em fevereiro que irá incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas tecnologias: um anticorpo monoclonal e uma vacina destinada às gestantes, capaz de gerar imunidade aos bebês nos primeiros meses de vida.

A expectativa é de que as novas estratégias protejam bebês como o Carlos Benício, que tem apenas quatro meses e já precisou de internação por conta de complicações respiratórias. O pequeno já apresentou melhora e deve voltar para casa ainda esta semana.

"O quadro dele está bem melhor, graças a Deus. Vai pra casa e terminar a recuperação em casa, ele tem que tá bem isolado, sem visita de familiares para não levar bactérias para ele", comentou Renê França, tia de Carlos.

Bronquiolite

A doença começa com sintomas de resfriado comum, mas que podem evoluir de forma prejudicial. Inicialmente, pode apresentar, coriza clara, tosse, obstrução nasal, febre, irritabilidade e dificuldade para se alimentar.

Nestes pacientes, por serem muito novos e não conseguirem expectorar a secreção, os sintomas podem progredir para tosses mais intensas, dificuldade para respirar e chiado no peito. Nesses casos, a orientação é procurar um médico e o mais brevemente possível.

Outro sintoma preocupante é o que os médicos chamam de retração de fúrcula, ou seja, o afundamento da região do pescoço, logo acima do osso chamado esterno.

Entenda como ocorre a bronquiolite

Arte g1/Kayan Albertin

O VSR (vírus sincicial respiratório) está associado a até 80% dos casos de bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e a até 40% dos registros de pneumonia em crianças menores de 2 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Existe vacina disponível contra o VSR na rede privada e o Sistema Único de Saúde (SUS) já anunciou que também vai oferecer o imunizante.

Os médicos afirmam que é importante reforçar algumas medidas que previnem os bebês de contraírem a doença:

Sempre higienizar corretamente as mãos ao segurar um bebê;

Evitar levar o bebê em locais com pouca ventilação;

Não permanecer com o bebê em locais onde haja fumaça de tabaco;

Evitar a exposição do bebê a pessoas com sintomas respiratórios;

Desinfectar superfícies e objetos potencialmente contaminados.

Crianças prematuras e com problemas cardíacos ou pulmonares estão no grupo de risco. Além disso, em alguns casos, pode haver predisposição genética para episódios mais graves.

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