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EUA acham que são 'donos do mundo', diz Maduro


Nicolás Maduro em pronunciamento em cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América

Youtube de Nicolás Maduro / Reprodução

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou fortemente os Estados Unidos em um pronunciamento nesta quarta-feira (20), um dia depois do governo Trump afirmar que vai usar 'toda a força' contra ele.

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Durante discurso em uma cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - formada pela Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Dominica, Antigua e Barbuda e São Vicente e Granadinas - ele citou "agressões imperialistas" e afirmou que, no momento, a América Latina e o Caribe formam um território em disputa entre "forças dos povos independentistas e de luta e as forças obscurantistas estadunidenses".

"Somos uma aliança de guerreiros pela paz. (...) Se algo caracteriza essa época que estamos vivendo, e da qual sairemos vitoriosos, é o caráter cruel e a normalização da ameaça do uso de força. (...) Estamos vivendo um cenário de frenesi enlouquecido de ameaças a granel. Lançam uma ameaça aqui, outra ali. Acreditam que são donos do mundo. Acreditam que só uma palavra deles basta para que os povos se rendam e entreguem sua terra e pátria", acusou.

Relembrando a Revolução Bolivariana liderada pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e mostrando a Constituição do país, Maduro disse que a Venezuela tem "capacidade de luta" para qualquer cenário e confirmou a mobilização militar "diante das últimas ameaças à paz e soberania" do país.

Ele pediu também, se dirigindo aos representantes dos países aliados, união em defesa da Venezuela.

Ameaças dos EUA

Governo Trump diz que vai usar 'toda a força' contra Maduro na Venezuela

A porta-voz do governo dos EUA, Karoline Leavitt, disse nesta terça-feira (19) que o presidente Donald Trump vai usar "toda a força" contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.

"Maduro não é um presidente legítimo. Ele é um fugitivo e chefe de um cartel narcoterrorista acusado nos EUA de tráfico de drogas. Trump está preparado para usar toda a força americana para deter o tráfico de drogas", disse Leavitt, a jornalistas, na Casa Branca.

O termo em inglês usado por Leavitt, "power", pode ser traduzido como "força" ou "poder".

Nesta semana, os EUA deslocaram três navios de guerra para o sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, sob a alegação de conter ameaças de cartéis de tráfico de drogas, segundo agências de notícias. Trump afirmou que iria usar forças militares para perseguir o tráfico organizado, cujos grupos foram designados como organizações terroristas globais por Washington.

De acordo com a Reuters e a AP, os navios deslocados são destróiers com sistemas de mísseis guiados Aegis: USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson. As agências dizem que mais de 4.000 militares serão posicionados na região.

Leavitt não negou a movimentação da frota. Não está clara a localização exata dos destróiers, nem qual será a posição final deles na região. De acordo com a Reuters, a manobra foi iniciada na segunda-feira (18) e duraria cerca de 36 horas.

O governo da Venezuela, em nota, chamou a acusação americana de cumplicidade com o narcotráfico de "ameaças", as quais "não só afetam a Venezuela, mas colocam em risco a paz e a estabilidade na região".

Sem se referir aos navios de guerra, o presidente venezuelano disse na segunda-feira (18), em um discurso, que a Venezuela "defenderá nossos mares, nossos céus e nossas terras". Ele aludiu ao que chamou de "a ameaça bizarra e absurda de um império em declínio".

Recompensa

No último dia 7, os EUA anunciaram que irão pagar até US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. O valor é maior do que o oferecido por detalhes do paradeiro de Osama Bin Laden após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Segundo a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, Maduro é um dos "maiores narcotraficantes do mundo" e representa uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Governo Trump aumenta para US$ 50 milhões recompensa por captura de Nicolás Maduro

Acusação formal sob Trump

Os EUA acusam formalmente Maduro de narcoterrorismo desde março de 2020, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Na época, o governo passou a oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 75 milhões).

Esse valor foi aumentado para US$ 25 milhões em janeiro de 2025, já sob o governo de Joe Biden, como retaliação à posse de Maduro para um novo mandato como presidente. Agora, a recompensa foi dobrada e chegou a US$ 50 milhões.

O novo montante ultrapassa o valor oferecido pelos EUA por Osama Bin Laden logo após os atentados de 11 de setembro. À época, o governo americano anunciou uma recompensa de US$ 25 milhões pelo líder da Al-Qaeda, e ele passou a ser o homem mais procurado do planeta.

O Senado dos EUA chegou a aprovar a elevação desse valor para US$ 50 milhões, em 2007, mas não há registros de que a mudança tenha sido oficializada. Registros do Departamento de Estado indicam que a recompensa ficou em US$ 25 milhões.

Bin Laden foi morto em maio de 2011, durante uma operação da Marinha dos EUA no Paquistão. Segundo a imprensa americana, nenhuma recompensa foi paga, já que o líder da Al-Qaeda foi localizado por meio de dados da inteligência norte-americana.

Antes mesmo da morte de Bin Laden, em 2003, os Estados Unidos já haviam pagado uma recompensa superior — mas referente a dois alvos. Na ocasião, um homem recebeu US$ 30 milhões por fornecer informações sobre o paradeiro de Uday e Qusay Hussein, filhos do então ditador iraquiano Saddam Hussein.

Como estratégia, para se blindar, Maduro continua mantendo relações diplomáticas com aliados estratégicos como Rússia, China e Irã.

Presidente Nicolás Maduro em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros

Reprodução/Reuters

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