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Filhotes de jabutis, aves e outros: animais que seriam traficados são resgatados e passam por reabilitação em associação de Jundiaí


ONG Mata Ciliar atua na recuperação de animais silvestres em Jundiaí

Mais da metade dos 1,5 mil animais que vivem na Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP) foram resgatados do tráfico. No local, os bichos passam por um trabalho de reabilitação e recebem cuidados especializados para serem devolvidos à natureza ou encaminhados a espaços adequados.

Um dos exemplos são os mais de 40 filhotes de jabutis resgatados pela associação em uma rodovia de Salto (SP). A suspeita é de que eles estavam sendo transportados ilegalmente e caíram do veículo.

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"No geral, eles não tinham lesões, machucados ou lacerações, mas tinham um quadro de desidratação. Dava pra ver que eles estavam com fome, porque foram aflitos para se alimentar. São animais que certamente estavam sendo cuidados e transportados de forma inadequada, e são casos que, por vezes, acontece o óbito durante o transporte", explica Lucas Pereira de Jesus, veterinário da Mata Ciliar.

Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP) resgata filhotes de jabutis em rodovia de Salto (SP)

TV TEM/Reprodução

Os jabutis chegaram pequenos à associação pesando apenas 100 gramas. Para serem introduzidos em um recinto que simula a natureza, precisam atingir, no mínimo, um quilo. Depois de um período no local, serão reintroduzidos na verdadeira natureza.

Outra espécie resgatada é o trinca-ferro, uma das aves mais vendidas no mercado ilegal. Atualmente, o animal recebe suplementação alimentar para se recuperar da desnutrição.

Além dele, um periquito-de-encontro-amarelo também está em tratamento para, posteriormente, ser encaminhado à reabilitação. De acordo com o médico veterinário, muitas vezes as aves chegam mutiladas ou com lesões irreversíveis que deixam sequelas. Nesses casos, precisam permanecer no local pelo resto da vida.

"A gente fica com esses animais até constatar que eles estão aptos para a vida livre. Mesmo assim, às vezes é muito difícil fazer o encaminhamento deles, porque podem ser espécies exóticas aqui na região. Então, mesmo sendo brasileiras, é necessário fazer todo um projeto e encaminhar para o local adequado", diz.

Existem mais de 70 Centros de Triagem e Reabilitação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Cetras). Todos recebem animais de diferentes regiões do país que seriam vendidos ilegalmente.

Entre janeiro e julho deste ano, foram resgatados 1.970 animais, número inferior ao do ano passado, quando, no mesmo período, houve 2.663 resgates. Apesar da redução, a quantidade ainda é considerada alarmante.

"Depois da pandemia, houve uma crescente de animais resgatados, talvez associada às pessoas ficarem mais em home office e acabarem conseguindo encontrar. A gente presenciou um momento de animais atacados por animais domésticos, por exemplo", explica Lilian Sayuri Fitorra, chefe do departamento do Cetra.

"Também têm épocas em que acontecem grandes apreensões. Há dois anos, a gente recebeu uma apreensão de 1,2 mil animais que estavam em um ônibus vindo da Bahia. Esse número acaba mudando a cada ano e tendo oscilações, mas conseguimos perceber essa diferença no pós-pandemia na quantidade de animais", complementa.

No Brasil, a captura, transporte e comercialização de animais silvestres são crimes. As penas variam entre seis meses e um ano, além de multa. Uma das maneiras de combater a prática é a denúncia.

"A pessoa pode estar ligando na linha verde da Polícia Militar Ambiental e fazer a denúncia. Vamos supor que ela tenha uma dúvida: um órgão pode ir e verificar se a pessoa tem autorização. Então, se alguém comprou um animal de um criadouro comercial legalizado, eles vão verificar se aquele animal tem anilha de marcação, nota fiscal e tudo ao mais", finaliza.

Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP) resgata animais de tráfico

TV TEM/Reprodução

Trinca-ferro é resgatado pela Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP)

TV TEM/Reprodução

Lucas Pereira de Jesus, veterinário da Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP)

TV TEM/Reprodução

Lilian Sayuri Fitorra, chefe do departamento do Cetra de São Paulo

TV TEM/Reprodução

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