'Golpe da maquinha' cresce impulsionado pela estratégia do 'falso presente' em Campinas
Um motoboy chega, toca a campainha e traz um presente de aniversário a uma aposentada. Para recebê-lo, ela precisar arcar com uma "ordem de pagamento" que só pode ser feita por cartão de débito. O pagamento "dá errado" inúmeras vezes. Quando ela se dá conta, mais de R$ 2 mil foram perdidos.
Essa é uma das modalidades do "golpe da maquininha", que já gerou quase o triplo de processos judiciais em 2025 em relação a 2024, antes mesmo do ano acabar. Segundo levantamento feito pela EPTV, afiliada da TV Globo, a partir de dados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ao longo de 2024, foram movidos 11 processos. Já em 2025, foram 31 processos até o dia 31 de julho.
Desses 31 processos, 19 estão relacionadas ao golpe do "falso presente", as estratégias são abrangentes e podem envolver clonagem ou troca de cartão, falso motorista de aplicativo ou falso ambulante.
No geral, as vítimas processam as instituições financeiras. De acordo com o advogado Jorge Victor Veiga, especialista em Direito Cível e indenizações, existe um entendimento majoritário do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), a partir da súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que o banco tem responsabilidade objetiva sobre as transações.
"Quando um banco percebe uma movimentação atípica do cliente, ele deveria bloquear a transação (...) e ressarcir esses clientes que foram lesados por esses golpistas", explica o advogado.
E o que são transações atípicas? Ainda segundo o advogado, quando um golpista entra em ação, normalmente realiza uma série de movimentações financeiras que destoam do comportamento usual do consumidor. São exemplos: realizar uma série de PIX logo após o golpe, ou realizar várias tentativas de compras em valores altos.
Apesar de os bancos disporem de sistemas de inteligência para monitorar ou entrar em contato com o cliente caso a compra seja suspeita, muitos consumidores ainda estão sujeitos. Veja abaixo como proceder em caso de golpe.
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Como proceder?
De acordo com Veiga, essas são as orientações para quem sofre o golpe:
Procure o banco e cancele o cartão de crédito ou demais transações;
Registre um boletim de ocorrência;
Procure um(a) advogado(a) para tentar conseguir uma indenização por danos materiais e/ou danos morais.
Como se proteger?
É possível se prevenir do "golpe da maquininha", com as seguintes ações:
Habilite a função de ser notificado a cada transação com o cartão;
Se for fazer uma transação pré-programada, crie um cartão virtual específico para tal compra;
Matenha um limite baixo para o pagamento por aproximação com um limite baixo; para valores altos, opte por inserir a senha.
Golpe da maquininha de cartão de crédito
TV Globo/Reprodução
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