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Haddad diz que Brasil entra em 2026 “tranquilo”, com melhor resultado fiscal em quatro anos


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), durante a abertura do Bloomberg Green Summit, em São Paulo, que o Brasil deve encerrar o mandato do presidente Lula de forma “tranquila” do ponto de vista econômico. Ele destacou avanços como a reforma tributária, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e a taxa de desemprego em nível historicamente baixo.

“O Brasil, nos últimos três anos, fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável . E isso já está sendo percebido pelos investidores”, afirmou. Segundo o ministro, o país registrou o maior número de leilões de infraestrutura na B3 em décadas e colhe resultados das reformas estruturais.

Haddad destacou o impacto da reforma tributária, aprovada em 2023 pelo Congresso. Segundo ele, a estimativa mais "pessimista" é de que a substituição dos impostos por um modelo simples pode gerar para o Brasil até 12% do Produto Iinterno Bruto (PIB), e 20% no cenário mais "otimista".

Ele também citou a próxima etapa da reforma do Imposto de Renda, cujo projeto está previsto para ser votado hoje pelo Senado. A medida que eleva para R$ 5 mil mensais a faixa de isenção do IR para pessoas físicas foi aprovado por unanimidade pela Câmara dos Deputados no mês passado.

"A desigualdade no Brasil impede o crescimento. Não existe crescimento com desigualdade”, disse.

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“Melhor resultado fiscal desde 2015”

O ministro afirmou que o governo deve entregar o melhor resultado fiscal dos últimos quatro anos, mesmo após quitar passivos herdados da gestão anterior. “Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”, declarou.

Haddad também rebateu críticas sobre o cumprimento das metas fiscais e disse que não pretende alterar o resultado primário previsto para o ano.

“Desde 2023, estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país, ou continuaremos presos a narrativas”, afirmou.

Segundo o ministro, a discussão sobre as contas públicas está sendo feita “pelos investidores, e não pelos jornais”. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.

🔎 A meta fiscal de 2025 é de déficit zero – equilíbrio entre gastos e despesas, desconsiderando os precatórios. No entanto, o governo tem uma margem que flexibiliza o centro da meta, permitindo até um déficit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a R$ 31 bilhões.

Para 2026, a meta é de superávit primário de 0,25% do PIB, também com banda de tolerância.

No mês passado, Haddad descartou alterar a meta fiscal de 2026 mesmo após o Congresso rejeitar a medida provisória que previa alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta, que reunia ações de ajuste fiscal, foi derrubada pela Câmara no início de outubro.

O governo esperava arrecadar mais de R$ 20 bilhões em 2026 com o aumento de impostos sobre aplicações financeiras e apostas esportivas, vista como crucial pela equipe em ano eleitoral.

Com a MP caducada, o governo agora busca uma nova saída para fechar o Orçamento de 2026 sem elevar tributos.

Juros e expectativas econômicas

Haddad voltou a defender a redução dos juros, afirmando que o atual nível é insustentável. "Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair", disse. “Não tem como manter 10% de juro real com inflação de 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15% em nome do quê?."

O Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo após a taxa básica, a Selic, atingir 15% ao ano em junho, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

🔎 O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses. Assim, segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram em 9,53%.

Perguntado se o Banco Central deve reduzir os juros na reunião desta quarta-feira (5), Haddad afirmou que não é diretor do BC, mas, se fosse, "votaria pela queda, porque não se sustenta 10% de juro real. Não faz sentido”.

Segundo o ministro, o país pode crescer controlando a dívida e reduzindo custos financeiros. Ele criticou parte do mercado, que “torce contra o país”, e reafirmou o compromisso do governo com metas fiscais e responsabilidade nas contas públicas.

Haddad destacou que a construção política é gradual: “É mais fácil convencer dez pessoas da equipe econômica do que 513 deputados, mas estamos avançando com paciência e no ritmo que a economia permite”.

Transição energética e investimentos verdes

Ao comentar a agenda de transição energética, Haddad afirmou que o Brasil tem “vantagens competitivas aderentes à pauta climática”.

“Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata. Não faz sentido trocá-la por energia suja e cara”, disse.

Ele reforçou a importância dos biocombustíveis e do fortalecimento do marco regulatório do setor elétrico, apesar dos lobbies no setor. “O Brasil tem 40 anos de tradição em biocombustíveis, e não vamos abdicar dessa agenda”, afirmou.

O ministro também citou a criação do chamado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), projeto apoiado pelo Banco Mundial, como prioridade do Brasil na presidência da COP30.

“Se colocarmos esse fundo de pé, teremos resultados práticos e eficientes. Preservar florestas é bom para todos, sempre, e a um custo muito baixo diante dos benefícios”, concluiu.

Haddad fala durante evento que anunciou plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço

Adriano Machado/Reuters

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