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Homem na China viveu mais de 170 dias após transplante de fígado de porco, relatam médicos


Homem na China viveu mais de 170 dias após transplante de fígado de porco, relatam médicos

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O primeiro transplante bem-sucedido de um fígado de porco geneticamente modificado em um ser humano vivo foi realizado por médicos na China e descrito no Journal of Hepatology, nesta quinta-feira (9). O fato marca um avanço na busca por alternativas à escassez global de órgãos para transplante.

O paciente era um homem de 71 anos, com cirrose hepática causada por hepatite B e um grande tumor no lobo direito do fígado. Sem condições clínicas para cirurgia curativa e fora dos critérios para receber um fígado humano, ele foi submetido a uma cirurgia experimental, na qual recebeu um fígado de porco modificado geneticamente como órgão auxiliar, mantendo parte do próprio fígado.

O animal doador teve dez alterações genéticas: três genes foram eliminados para reduzir o risco de rejeição e sete genes humanos foram inseridos para tornar o órgão mais compatível com o sistema imunológico e a coagulação sanguínea. O porco foi criado em ambiente livre de patógenos e passou por testes rigorosos de biossegurança, relatam pesquisadores da Universidade Médica de Anhui, na China.

Nos primeiros 31 dias após o transplante, o órgão funcionou de forma estável — produziu bile, proteínas e fatores de coagulação, sem sinais de rejeição ou infecção.

Mas no 38º dia, o fígado foi removido devido a uma complicação conhecida como microangiopatia trombótica associada ao xenotransplante (xTMA), que causa obstruções nos vasos sanguíneos e disfunção orgânica.

O problema foi controlado com medicamentos e plasmaférese, e o paciente continuou estável por meses. Apesar das tentativas de controle de novas complicações, o paciente morreu 171 dias após a cirurgia, em decorrência de hemorragias gastrointestinais repetidas.

O caso demonstra, segundo os autores, que o transplante auxiliar de fígado de porco para humano é tecnicamente viável e pode funcionar como terapia temporária até o transplante humano ou a regeneração do fígado do paciente.

O estudo também fornece dados inéditos sobre a fisiologia, a coagulação e o risco imunológico desse tipo de transplante.

“Este é um passo fundamental para superar a escassez de órgãos e entender as barreiras imunológicas e hematológicas dos xenotransplantes”, concluíram os pesquisadores.

Primeiro pulmão de porco transplantado para corpo humano funcionou por nove dias

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