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Huskies e vira-lata acorrentados em quintais são resgatados em Praia Grande após denúncia de maus-tratos


Cão é resgatado após denúncia de maus-tratos em Praia Grande. Tutor disse que animal estava acorrentado por ser agressivo

Rafael Saraiva

Três cães, dois huskies e um vira-lata, foram resgatados nesta terça-feira (4) em dois imóveis de Praia Grande, no litoral paulista, após denúncias de maus-tratos feitas ao deputado estadual Rafael Saraiva (União Brasil). Ele esteve na cidade e conduziu a ação com apoio da Polícia Civil. Os animais estavam acorrentados, em locais sujos, com água imprópria, comida embolorada e sinais de negligência.

Ativista da causa animal, Saraiva lembrou que, em agosto deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancionou a lei estadual que proíbe manter cães e gatos acorrentados ou em alojamentos inadequados, permitindo contenção apenas em casos temporários e com condições mínimas de bem-estar.

Segundo o deputado, as denúncias foram feitas na quinta-feira anterior. Para garantir que não se tratava de um fato isolado, os denunciantes enviaram imagens feitas em dias diferentes, o que reforçou a gravidade da situação e motivou a ação.

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Saraiva chegou a Praia Grande por volta das 7h40 e, após se reunir com a Polícia Civil, seguiu para o primeiro endereço, no bairro Esmeralda. Lá, encontrou dois cães da raça husky siberiano acorrentados ao teto da residência, sem água, com ração escassa e em um ambiente sujo. Exames posteriores constataram que o macho está com doença do carrapato.

Segundo o deputado, o portão da casa estava aberto e, diante da situação de flagrante, os policiais autorizaram a entrada. “Adentramos sem qualquer arrombamento, portão aberto”, afirmou.

Na sequência, a equipe seguiu para o segundo imóvel, no Jardim Princesa. O tutor do animal, um cão sem raça definida, autorizou a entrada dos policiais. O animal estava preso por uma corrente com cadeado, em um ambiente com fezes, água com lodo e comida embolorada.

O tutor alegou que o cão era agressivo com vizinhos. Segundo Rafael Saraiva, no entanto, o animal demonstrou comportamento dócil durante o resgate e foi “um dos mais tranquilos” que já havia encontrado em ações semelhantes.

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Delegacia e confusão

Após os resgates, apenas o tutor do cão sem raça definida foi conduzido à delegacia. O responsável pelos huskies não estava no imóvel no momento da ação, mas se apresentou espontaneamente mais tarde.

De acordo com Saraiva, o delegado que atendeu o caso entendeu que os elementos observados nos imóveis, como acorrentamento, água suja e comida embolorada, não configurariam maus-tratos. O deputado também relatou que não houve perícia no local, o que, na sua avaliação, dificultou a apuração adequada dos fatos.

Saraiva afirmou que o boletim de ocorrência foi feito de forma “descuidada” e que os animais foram liberados sem qualquer termo de apreensão ou fiel depositário (documento que formaliza a guarda provisória de bens ou animais retirados de seus tutores). “Foi um serviço feito com a maior displicência que eu já encontrei em 10 anos de ativismo”, criticou.

O deputado também relatou que o tutor dos huskies chegou a debochar da situação ao se apresentar na delegacia, dizendo que faria um laudo para liberar os animais. “Ele tirou sarro da minha cara, disse que ia fazer um laudo e levar os animais embora”, contou.

Próximos passos

Deputado com os huskies também resgatados. O macho foi diagnosticado com a doença do carrapato.

Rafael Saraiva

Os dois huskies foram levados ao Instituto Eu Luto Pelos Animais, fundado pelo próprio deputado, em Cotia (SP). O terceiro cão foi encaminhado à ONG Amor Demais, em Praia Grande. Nenhuma das entidades recebeu termo de guarda oficial.

Segundo Saraiva, os animais passarão por exames, castração e vacinação. Depois disso, serão disponibilizados para adoção responsável. “Vamos interromper qualquer ciclo de exploração e garantir que eles tenham uma vida digna”, afirmou.

O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) para questionar sobre as críticas feitas pelo deputado em relação à condução do registro policial do caso de maus-tratos, mas não teve resposta até a última atualização da reportagem.

Como denunciar

O deputado orienta que, ao presenciar situações de maus-tratos, a população registre imagens em dias diferentes e denuncie. “A denúncia é o primeiro passo. A lei é educativa, mas se o problema persiste, é preciso acionar as autoridades”, disse.

As denúncias podem ser feitas à Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Ambiental ou diretamente a ONGs de proteção animal.

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