Ministério da Saúde anunciou que o SUS vai oferecer o Implanon
Tadeu Filho/Prefeitura de São Vicente
Somente Guararema, Mogi das Cruzes e Suzano disponibilizam o contraceptivo Implanon na rede básica de saúde. Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Poá não ofertam o método, mas fornecem outras opções (veja abaixo quais são oferecidas em cada município).
O g1 questionou todas as prefeituras do Alto Tietê sobre o Implanon, mas Biritiba-Mirim, Santa Isabel e Salesópolis não responderam até a última atualização desta reportagem.
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No primeiro semestre de 2025, Mogi das Cruzes registrou cinco implantes e Suzano contabilizou 358.
No começo de julho, o Ministério da Saúde anunciou que o Implanon será ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda este ano.
O que é o Implanon?
Ele é um implante contraceptivo hormonal subcutâneo. Uma pequena haste de plástico flexível, com aproximadamente 4 centímetros de comprimento, é colocada sob a pele do braço da mulher. Ela libera o hormônio etonogestrel, que impede a gravidez.
Com taxa de falha inferior a 0,1%, o método dura três anos. Após esse período, deve ser substituído.
No Brasil, esse contraceptivo custa em torno de R$ 800 a R$ 1,2 mil. Alguns convênios cobrem a inserção, mas não o implante.
Quem usa e por quê
A enfermeira Ana Paula Baptistelli dos Reis, moradora de Suzano, usa o Implanon há dois anos e meio. Como já conhecia o contraceptivo, passou por uma avaliação médica para saber se seria uma boa alternativa.
“Optei pelo Implanon devido às diversas vantagens que ele oferece, principalmente a praticidade e a liberdade que proporciona em meu dia a dia. As principais vantagens que percebo são a redução ou ausência do fluxo menstrual, o que eliminou completamente a dismenorreia (cólicas menstruais intensas) e a ausência de inchaço, um efeito colateral comum em outros métodos que já utilizei”, relatou.
Ana Paula contou que desde a adolescência sofria com cólicas.
“Foi o único método que me tirou desse quadro de dores. Desde a inserção, não tive mais dores. Um alívio. O médico mencionou que esse método pode ser eficaz para aliviar as cólicas. Ele explicou que ‘ajuda a relaxar a musculatura do útero’”, detalhou.
Há 7 meses usando o Implanon a auxiliar administrativa Julia Senne Silva de 21 anos, moradora de Mogi das Cruzes, explicou que escolheu o contraceptivo pela rápida inserção, baixa taxa de falha, longa duração e por ser subcutâneo.
Ela contou que pesquisou bastante antes de optar por ele e investiu R$ 1,8 mil no implante.
“Foi super rápido, ela aplica a anestesia local no braço que será colocado o implante, mostra o aplicador com a haste e insere. Sangra um pouco, mas normal. E aí é só manter o curativo seco por 24 horas”.
Julia contou que é quase imperceptível ver o implante no braço
Julia Senne/Arquivo Pessoal
Indicações e Contraindicações
A ginecologista e obstetra de Mogi das Cruzes, Carolina Zendron, explicou que qualquer mulher em idade reprodutiva pode utilizar o Implanon, mas existem algumas contraindicações.
“O uso não é indicado para mulheres com doença hepática grave, com histórico ou presença de câncer de mama hormônio-dependente, e trombose ou embolia venosa profunda ativa”, contou.
Ela explicou que o Implanon atua de três maneiras diferentes
inibe a ovulação;
espessa o muco cervical, o que dificulta a passagem dos espermatozoides;
altera o endométrio, dificultando a implantação do óvulo.
Segundo ela, adolescentes e mulheres entre 18 e 35 anos são as principais usuárias, especialmente aquelas que tem o desejo de evitar uma gravidez a longo prazo, enfrentam dificuldades com outros métodos, estão no pós-parto, amamentam ou não podem usar estrogênio.
A médica listou alguns dos benefícios do contraceptivo:
Alta eficácia anticoncepcional;
Longa duração (3 anos);
Conveniência (não exige manutenção diária);
Reversível (a fertilidade volta rapidamente após a retirada).
De acordo com Carolina, o Implanon também ajuda a reduzir cólicas menstruais, diminuir ou suspender a menstruação e é uma boa opção para quem não pode usar o hormônio estrogênio presente nos anticoncepcionais combinados.
Entretanto, segundo a médica, o medicamento pode ter alguns efeitos colaterais, como: alterações menstruais, aparecimento de acnes, dor de cabeça, sensibilidade nas mamas, alterações de humor e ganho ou perda de peso de acordo com cada organismo.
Quando a paciente escolhe o Implanon é indicada uma avaliação médica antes da inserção, que inclui consulta ginecológica, avaliação clínica, exame de gravidez, exames hepáticos em caso de suspeita de doença do fígado e avaliação de risco cardiovascular, dependendo da idade e do histórico da mulher.
A inserção é feita no consultório médico com anestesia local.
“O implante é colocado sob a pele da parte interna do braço (geralmente o braço não dominante), com a ajuda de um aplicador específico. O procedimento dura cerca de cinco a dez minutos. Um curativo compressivo é mantido por 24 a 48 horas”, disse a médica.
O Implanon não exige exames de rotina para verificar sua eficácia, pois a taxa de falha é muito baixa. No entanto, a médica alerta que consultas ginecológicas regulares são recomendadas para acompanhar a saúde da mulher como um todo.
Veja os métodos contraceptivos em cada cidade do Alto Tietê
Arujá
A Prefeitura de Arujá informou que a rede municipal de saúde não oferece o Implanon. No entanto, não disse quais são os métodos contraceptivos ofertados.
Ferraz de Vasconcelos
A Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos informou que no momento a rede municipal de saúde não oferece o Implanon.
Entretanto, o município disponibiliza anticoncepcionais orais, injetáveis e o dispositivo intrauterino (DIU).
Guararema
A Prefeitura de Guararema informou que a rede municipal de saúde já oferece o Implanon, porém não informou a quantidade de implantes que já foram realizados no município, devido à instabilidade do sistema.
No município, o Implanon é indicado para os seguintes casos:
Adolescentes menores de 18 anos com risco de segunda gravidez;
pacientes com transtornos psiquiátricos que sejam atendidas pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps);
mulheres em situação de vulnerabilidade social inscritas em programas sociais.
Para ter acesso ao contraceptivo, a paciente deve passar por triagem e entrevista inicial com a enfermagem da Unidade Básica de Saúde (UBS), participar das ações educativas sobre planejamento familiar, passar por consulta ginecológica, solicitar avaliação pelo Setor Materno Infantil e por fim, no dia do procedimento, assinar o termo de consentimento.
No mesmo dia, ela recebe o cartão de confirmação do implante com registro da inserção e orientações.
Outros meios contraceptivos também são oferecidos pelas UBSs, como distribuição de preservativos, anticoncepcional oral, anticoncepcional injetável, DIU, laqueadura, vasectomia e contracepção de emergência (pílula do dia seguinte).
Itaquaquecetuba
A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que a rede municipal de saúde não fornece o Implanon. O município aguarda o repasse do Ministério da Saúde para viabilizar a oferta desse contraceptivo.
As UBSs fornecem contraceptivos injetáveis, pílula, DIU, preservativo feminino e masculino, laqueadura e vasectomia.
Mogi das Cruzes
A Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que a rede municipal oferece o Implanon desde o início de 2025. Até o dia 18 de julho, foram realizados cinco procedimentos.
O método é indicado para mulheres em situação de vulnerabilidade. Durante a abordagem das equipes do programa Consultório na Rua, essas mulheres que desejam usar o Implanon realizam um cadastro.
Já nas UBSs a indicação acontece de acordo com os critérios médicos.
Juliana Alves Romagnolo, diretora da Rede Básica de Saúde do município, destacou a relevância do Implanon na rede pública.
"Com a oferta do Implanon na rede pública, a Secretaria Municipal de Saúde e Bem-Estar de Mogi das Cruzes vem ampliando o acesso das mulheres em situação de vulnerabilidade ao planejamento reprodutivo seguro, promovendo prevenção, autonomia e qualidade de vida".
As UBSs também fornecem anticoncepcionais, preservativos, DIU e laqueadura.
Poá
A Prefeitura de Poá informou que a rede municipal de saúde não oferece o Implanon, mas busca recursos federais para adquirir o item.
As UBSs fornecem preservativos, pílulas anticoncepcionais e DIU.
Suzano
A Prefeitura de Suzano informou que oferece o Implanon desde 2022. Em 2023, foram 146 inserções. Em 2024, esse número subiu para 159. Apenas no primeiro semestre de 2025, o município realizou 358 procedimentos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 96.
O contraceptivo é disponibilizado para os seguintes grupos sociais:
Adolescentes entre 14 e 18 anos;
pacientes com transtornos mentais do Caps;
usuárias de substâncias psicoativas;
vítimas de violência acompanhadas pelo Núcleo de Prevenção à Violência (NPV);
mulheres em situação de vulnerabilidade social;
mulheres privadas de liberdade;
mulheres que vivem com HIV.
Para realizar a inserção do Implanon, a interessada deve participar da reunião de planejamento familiar nas UBSs do município.
As unidades de saúde de Suzano também fornecem anticoncepcionais injetáveis e orais, anticoncepcional de emergência (pílulas do dia seguinte), DIU, preservativos masculinos e femininos, vasectomia e laqueadura.
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