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Jovem que teve perna amputada após ser baleado por delegado segue sem previsão de alta e está muito abalado, diz advogado


Emanuel Apory foi baleado pelo delegado Luiz Alberto Braga após uma discussão, no dia 5 de maio, no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha. Ele precisou amputar parte da perna direita no sábado (17). Advogado Anderson Flexa diz que Emmanuel Apory não tem previsão de alta após amputar perna

O ambulante Emmanuel Apory, de 26 anos, que teve parte da perna direita amputada no último sábado (17), depois de ser baleado pelo delegado Luiz Alberto Braga, em Fernando de Noronha, não tem previsão de alta hospitalar.

Segundo o advogado Anderson Flexa, Apory teve a perna amputada acima do joelho, na altura da coxa. Ele deixou a sala de recuperação e tem melhora clínica, mas vai enfrentar um longo percurso até poder deixar o hospital.

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“Ele já saiu da sala de recuperação e, fisicamente, teve uma resposta boa em relação à cicatrização. Está ainda lutando contra outros desafios de procedimentos pós-cirúrgicos de amputação, mas a nossa preocupação maior nem é essa parte física. A gente sabe que é um abalo muito grande, é o emocional que requer cuidados. Emmanuel está bem abalado, bem resistente em entender o que está acontecendo”, disse Flexa.

O advogado da família de Emmanuel Apory explicou que a amputação vai afetar diretamente a vida que o jovem levava em Fernando de Noronha.

“Ele levava a vida muito ativa, era um esportista, um surfista. Um menino ativo, mergulha, corre na praia, joga futevôlei, beach tennis, nada. (...) A gente sabe que a vida de alguém que passou por uma amputação consegue ter uma qualidade de vida muito grande, muito próxima de uma pessoa sem amputação; mas a gente não pode descartar o abalo que isso é; o psicológico. Nossa preocupação hoje é a consequência psicológica dessa amputação", complementou Anderson Flexa.

Antes de ser submetido à cirurgia de amputação, Emmanuel gravou um vídeo e publicou nas redes sociais. Ele agradeceu as pessoas que estão rezando por ele, falou dos protestos que pedem por justiça em Noronha e cobrou melhoras no atendimento de saúde na ilha.

O vendedor reafirmou que não assediou a namorada do delegado e agradeceu o suporte de sua mãe, que o acompanha no tratamento.

Histórico do caso

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O caso aconteceu no dia 5 de maio, após uma briga que teria sido motivada por ciúmes. O delegado estava acompanhado de uma mulher e acusou Apory de tê-la assediado.

Uma câmera de segurança mostrou o momento em que Emmanuel foi abordado pelo delegado Luiz Alberto Braga. Apory levou um tapa e, em seguida, partiu para cima do policial, que atirou.

O rapaz tentou fugir, mas não teve forças numa das pernas, que estava ferida pelos disparos.

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Emmanuel recebeu atendimento no Hospital São Lucas, em Fernando de Noronha, e foi transferido de avião para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, no Recife, onde está internado desde então.

O delegado Luiz Alberto Braga estava em Fernando de Noronha a serviço, tirando férias do titular. Ele está respondendo processo administrativo disciplinar especial, aberto na Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS_.

A SDS afastou Braga por 120 dias e determinou o recolhimento das armas e da identificação funcional dele. O policial também responde a um inquérito aberto no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Emanuel Apory está internado no Hospital da Restauração, no Recife

Ana Clara Marinho/Reprodução

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