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Jovem que teve síndrome rara que causa necrose na região genital se recupera bem após cirurgia em Brasília


Renato de Sá comemora vaquinha para terceira cirurgia após síndrome rara.

O jovem de Brasília, que foi diagnosticado com Síndrome de Fournier, conseguiu fazer a cirurgia para reconstrução do trânsito do trato intestinal e retirada da bolsa de colostomia, nesta quarta-feira (13), em Brasília.

De acordo com a família de Renato de Sá, ele está se recuperando e deve ter alta nesta sexta-feira (15).

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🔎 Síndrome de Fournier: infecção bacteriana que acomete a região genital e causa a morte dos tecidos da área.

O g1 conversou com a mãe de Renato, Christiane Araújo, que contou que apesar do resultado positivo, a cirurgia teve algumas dificuldades. "Ontem, ele teve um desmaio, que pode ter sido reação da anestesia", conta.

"O médico disse que, nessa cirurgia, a parte do intestino exteriorizada [ostomia] é reconectada à porção interna. Aconteceu que o intestino estava bastante colado dificultando um pouco o procedimento. Mas não havia infecção ou aderências no intestino, e no fim deu tudo certo", comemora Christiane.

O pós-operatório de Renato requer uma internação de alguns dias para monitorar a recuperação do corpo, e também um retorno gradual da alimentação. Por isso, por enquanto ele está com uma dieta líquida.

"Nós estamos muito felizes por mais essa etapa concluída. Esperamos muito por essa cirurgia. Agora ele poderá voltar a vida normal", afirma a mãe de Renato.

A cirurgia pela qual Renato passou foi feita depois de uma campanha de doações, que reuniu R$ 35 mil. O procedimento está disponível na rede pública, mas a fila de espera é grande, com uma demora de até três anos.

Relembre o caso

Renato de Sá descobriu que estava com Síndrome de Fournier, durante férias com a família, em Brasília

arquivo pessoal

Em plena viagem de férias, voltando ao Brasil após uma temporada no exterior, Renato foi diagnosticado com a doença rara.

Segundo ele, o desconforto começou no dia 21 de janeiro, mas começou a piorar rapidamente. Ele chegou a ir em unidades de pronto-atendimento (UPAs) e recebeu orientações de medicação, mas a síndrome ainda não tinha sido identificada.

"Foi horrível. A dor foi só aumentando. Não conseguia mais sentar direito, só ficar deitado. Eu estava em Goiânia e fui em uma UPA de lá. E eles só passaram remédio para dor na veia. Aí eu voltei para Brasília, e fui direito para o Hospital de Base. Lá eu já cheguei chorando de dor, de cadeira de rodas", conta Renato.

Menos de uma semana depois do primeiro sintoma, no dia 27, a infecção já havia se alastrado – e as dores tinham se tornado insuportáveis.

No Hospital de Base, Renato recebeu o diagnóstico que mudaria tudo em sua vida.

"Eles falaram que eu estava com essa infecção bacteriana. Eu só queria que a dor passasse. Fiquei muito assustado com tudo. Não estava entendendo o que estava acontecendo comigo. E com a dor eu acho que desassociei um pouco, porque só lembro de entrar gritando na sala de cirurgia e pedir pelo amor de Deus para fazerem aquela dor parar. Foi quando me sedaram", relembra.

No momento da primeira cirurgia, Renato já estava em estado de sepse, e por isso corria risco de morrer. "A primeira cirurgia, que eu só tinha 5% de chance, foi só para salvar a minha vida".

"A segunda cirurgia foi quando eles tiraram toda a pele necrosada pela bactéria e colocaram uma bolsinha de colostomia em mim. A partir daí, eu fiquei quatro dias na morfina para aguentar a dor, sem conseguir andar, ir ao banheiro, tomar banho. As enfermeiras me davam banho na maca e eu urinava pela sonda. Foram os 18 dias no hospital", lembra.

De acordo com Renato, foi possível combater a bactéria que tinha causado a infecção.

O que é Síndrome de Fournier?

Renato de Sá, abraça a enfermeira após de receber alta, depois de 18 dias internado, no Hospital de Base de Brasília

Arquivo pessoal

A Síndrome de Fournier é uma infecção rara e grave que atinge a região genital e acomete especialmente os homens. É uma doença causada por bactérias que penetram os tecidos moles do períneo (região entre o pênis e o ânus), provocando necrose (morte) desses tecidos.

Por esse motivo, a doença também é conhecida como gangrena sinérgica, gangrena de Fournier ou fascite necrosante perineal.

Os principais sintomas da Síndrome de Fournier incluem:

Dor súbita e intensa na região genital;

Vermelhidão, inchaço e sensibilidade na pele;

Febre;

Calafrios;

Náuseas e vômitos;

Mau cheiro local;

Saída de pus pela pele;

Queda do estado geral de saúde do paciente.

As principais causas de contaminação são:

Traumas na região;

Pacientes portadores de diabetes mellitus;

Pacientes imunossuprimidos;

Falta de higiene íntima;

Infecção urinária;

Picada de inseto na região;

Presença de sondas urinárias na bexiga.

O diagnóstico da Síndrome de Fournier é feito por meio de exame físico/clínico e complementado por exames laboratoriais, como exames de sangue e culturas de tecido (realizado com uma amostra para detectar a presença de bactérias), além de exames de imagem como ultrassom, tomografia ou ressonância

A Síndrome de Fournier tem cura, mas o tratamento deve ser iniciado quanto antes para evitar complicações graves, como infecção generalizada (também chamada de sepse).

O tratamento é feito utilizando antibióticos, cirurgia e cuidados intensivos.

A cirurgia é necessária para remover todo o tecido necrosado e prevenir a propagação da infecção – em geral, a retirada é bem ampla e agressiva. Já os antibióticos são ministrados via oral ou intravenosa, a depender do grau de comprometimento da saúde do paciente.

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