Sem provas, sem culpados

A Justiça absolveu por falta de provas todos os réus do incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo.

Seis anos e oito meses depois, ninguém foi responsabilizado. Esse foi o resultado do julgamento da tragédia no Ninho do Urubu, que deixou dez adolescentes mortos e três gravemente feridos.

O fogo começou enquanto os meninos dormiam, em um container usado como alojamento. De acordo com as investigações, o incêndio foi causado por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado.

Inicialmente, a acusação defendeu a tese de que houve falha na manutenção feita por um técnico em refrigeração dois dias antes do incêndio. Mas novos elementos surgiram ao longo do processo. Segundo depoimentos e laudos anexados aos autos, as instalações elétricas do Ninho apresentavam “falhas estruturais graves, com disjuntores superdimensionados, cabos subdimensionados e ausência de desligamento automático em caso de sobrecarga”.

Na decisão que absolveu sete réus, o juiz Tiago Fernandes de Barros afirmou que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público do estado não conseguiram reunir provas suficientes para responsabilizar criminalmente os acusados. De acordo com a sentença, o MP formulou a denúncia genérica e contraditória, sem estabelecer a ligação direta de cada acusado com as causas do incêndio. Nas palavras do juiz:

“O Ministério Público adotou uma estratégia acusatória abrangente, mirando diversas pessoas em posições de destaque ou de visibilidade institucional que apenas em uma primeira leitura guardavam ligação concreta com a causa inicial”.

Justiça absolve réus do incêndio no CT do Flamengo em que morreram 10 adolescentes

Jornal Nacional/ Reprodução

Dos sete réus, dois eram ex-funcionários do Flamengo, quatro eram profissionais da companhia que instalou os containers e um era sócio da empresa responsável pela manutenção do ar-condicionado.

Darlei, pai de Bernardo, um dos adolescentes mortos, lamenta a decisão:

“Isso não pode continuar assim porque outras tragédias podem acontecer e ninguém está sendo responsabilizado”, diz Darlei Pisetta, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio.

A Polícia Civil afirmou que realizou todas as diligências necessárias para responsabilizar criminalmente os autores. O Ministério Público e a associação dos familiares das vítimas disseram que vão recorrer da decisão.

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