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Lavagem de dinheiro para o PCC: esquema envolvia operadores sediados na Faria Lima em SP


Lavagem de dinheiro para o PCC: esquema envolvia operadores sediados na Faria Lima em SP

A Operação Carbono Oculto 86 deflagrada na quarta-feira (5), que mirou um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 5 bilhões ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), expôs que o complexo sistema de fraudes estava entranhado no setor de combustíveis e até na Faria Lima, coração financeiro de São Paulo.

49 postos de combustíveis foram interditados em cidades do Piauí, Maranhão e Tocantins durante a ação da Polícia Civil. Empresários locais e operadores financeiros estão entre os investigados.

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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), as adulterações em postos começaram a ser notadas em 2023, após a compra da Rede de Postos HD, por parte dos investigados. Uma empresa foi criada de forma repentina e a transação dos valores chamou a intenção dos investigadores.

Segundo o delegado Anchieta Nery, diretor de inteligência da SSP-PI, a compra da rede de combustíveis foi feita por operadores financeiros do PCC que possuem escritórios sediados na Faria Lima.

"Esses operadores financeiros buscaram o contato e relacionamento com essa rede local, fizeram a aquisição e aqui praticaram uma série de atos de comércio, mas também atos criminais usando essa estrutura de comércio. Que tipos de atos criminais? adulteração de combustível e também lavagem de capitais", detalhou o delegado.

Rogério Garcia Peres, gestor da Altinvest Gestão de Recursos, apontado como operador financeiro do PCC, é um dos investigados.

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Para dificultar a identificação dos reais beneficiários, os suspeitos usaram nomes de laranjas, constituíram fundos e usaram fintechs para movimentações financeiras ilícitas, mesmo modo de operação verificado na outra operação.

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As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de gasolina e etanol.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), José William Luz, explicou que as empresas do setor de combustíveis já estavam sendo investigados localmente por atividades tributárias ilícitas, mas que a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto em São Paulo, acendeu um alerta sobre a possibilidade de braços financeiros da facção estarem atuando no Piauí.

"Quando a operação Carbono Oculto, que ocorreu em São Paulo, atacou o braço financeiro do PCC através das fintechs que operam na Faria Lima, fez-se aqui uma conjugação entre as investigações e houve a verificação de que aqui não se tratava de meros crimes contra um consumidor, que havia algo mais, justamente esse braço financeiro da facção aqui no Piauí", disse o promotor.

"A facção tem entrado em vários setores da economia", destaca o promotor

O promotor José William Luz destacou que as investigações conjuntas apontam que o PCC atua no mercado financeiro lícito utilizando os valores obtidos com o narcotráfico. No Piauí, foi apurado a participação da facção no setor de combustíveis, mas o promotor destacou a possibilidade de entrada nos setores de medicamentos e contratos, incluindo contratos públicos, em outros estados.

"Ela começa a entrar em vários setores da economia e nós podemos identificar já dentro dessa investigação três desses núcleos. O principal foi o objeto da deflagração, que foi a questão da distribuição dos combustíveis, mas também temos indicativos de que já começaram a operar no ramo de distribuição de medicamentos e contratos", detalhou José William Luz.

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SSP/PI

As investigações apontaram ainda que o Primeiro Comando da Capital (PCC) estava construindo uma distribuidora de combustível na rodovia que liga a capital Teresina ao município de Altos para abastecer outros estados. A informação foi divulgada pela Polícia Civil do Piauí durante coletiva de imprensa.

"O Piauí é geograficamente estratégico porque tem a única capital no interior. Esse grupo estava construindo uma distribuidora de combustível, na estrada para Altos, para irrigar os outros estados. São alimentados pelo braço financeiro do PCC, que estava na Faria Lima", disse o secretário de Segurança do Piauí, Chico Lucas.

De acordo com o delegado Laércio Evangelista, coordenador do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), o imóvel onde a distribuidora estava sendo construída foi interditado.

Empresários investigados se apresentaram à polícia

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Os empresários Haran Santhiago Girão Sampaio e Danilo Coelho de Sousa se apresentaram ao Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) na quinta-feira (6). Eles são alvos da Operação Carbono Oculto 86.

As esposas dos dois empresários, as irmãs Thamyres Leite Moura Sampaio e Thayres Leite Moura Coelho, também estiveram na sede do Draco. Os quatro deverão entregar os passaportes e estão proibidos de sair do Brasil.

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