Morre torcedor que viralizou ao cantar hino do Bahia durante cirurgia
Reprodução/Redes Sociais
O empresário Fabiano Reis, que viralizou com um vídeo em que cantava o hino do Esporte Clube Bahia durante uma cirurgia para retirada de tumor cerebral, morreu neste sábado (19), aos 45 anos. O óbito foi confirmado nas redes sociais dele, mas a causa não foi especificada.
Realizada em janeiro, a cirurgia que teve grande repercussão na internet foi a terceira na batalha travada por Fabiano contra o glioblastoma, um câncer agressivo e sem cura (saiba mais abaixo).
Bem-humorado e otimista com o tratamento, ele disse ao g1 que pretendia homenagear o time em um momento tão difícil para a família. "Aqui em casa, todo mundo é Bahia. Meu pai já trabalhou no Bahia, no passado, minha filha de 9 anos é torcedora doente, eu fui pra 90% dos jogos na Fonte Nova [em 2024]", ressaltou.
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O clube prestou uma homenagem ao saber da morte de Fabiano após uma "incansável batalha contra o câncer".
"Em fevereiro, nosso goleiro Marcos Felipe enviou vídeo para Fabiano, além de um kit com camisa autografada. Semana passada, mais uma mensagem com Everton Ribeiro, Danilo Fernandes e Cauly. O Esquadrão manifesta solidariedade a familiares e amigos neste momento de dor", disse o perfil do time em post no Instagram.
Na mesma rede social, a família de Fabiano usou a conta dele para comunicar que o velório foi realizado a partir das 17h, no Cemitério Bosque da Paz. O sepultamento foi marcado para 10h, de domingo (20).
"Hoje não anunciamos um fim, mas semeamos eternidade. Onde os olhos não veem, mas o amor permanece", compartilharam.
Relembre o momento viral
Empresário canta hino do Bahia enquanto médicos retiram tumor do cérebro
A equipe médica retirava um tumor de cerca de 5 cm do cérebro de Fabiano, quando o empresário de começou a cantar o hino do Bahia. Como a cena foi gravada e compartilhada nas redes sociais, não demorou a viralizar.
Ao g1, Fabiano explicou que tratava um glioblastoma, tipo de câncer cerebral que é "biologicamente agressivo".
💡 ENTENDA: Na ocasião, o portal entrevistou a oncologista clínica Geila Ribeiro Nunes, que ressaltou que a média de expectativa de vida dos pacientes acometidos com a doença era de um ano e meio. Fabiano ultrapassou essa média — ele viveu por mais quatro anos e três meses desde a descoberta do tumor.
O empresário contou que os médicos e enfermeiros envolvidos na operação logo toparam a ideia. Por coincidência, todos na sala de cirurgia eram da torcida tricolor. A música, então, serviu para aliviar a pressão do momento, além de mantê-lo acordado e consciente, conforme é preconizado neste tipo de procedimento.
A cirurgia realizada no dia 8 de janeiro, em um hospital de Salvador, foi a terceira a que Fabiano foi submetido em três anos e nove meses de tratamento. Ele descobriu o glioblastoma em abril de 2021.
"No meio da pandemia, eu comecei a ficar esquecendo nomes de pessoas, amigos, parentes, coisas simples... Nada de absurdo. Fui ao médico pra saber o que estava acontecendo comigo e, em meio a isso, foi descoberto um tumor no meu cérebro".
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Pouco tempo depois, Fabiano fez a primeira cirurgia de retirada do tumor e prosseguiu com tratamentos, como quimioterapia e radioterapia. Em novembro de 2023, veio a segunda operação até que, um ano depois, ele precisou operar pela terceira vez, às pressas.
Esse foi o maior tumor já retirado da cabeça dele. "É como se tivesse tirado em torno de 80% a 90% do tumor. Não consegue tirar tudo, porque, se tirar, eu poderia não falar, ouvir, escutar", indicou as possíveis sequelas consideradas à época.
Fabiano Reis fez a terceira cirurgia para retirada de tumor cerebral
Arquivo pessoal
Câncer biologicamente agressivo
A oncologista clínica Geila Ribeiro Nunes ressaltou a gravidade do glioblastoma para os pacientes. Ela explicou que esse tipo de câncer costuma acometer pessoas na faixa dos 60 anos, contudo, não há muitos fatores de risco definidos. De acordo com a médica, trata-se de "causa esporádica". Ou seja, não há correlação hereditária nem o conhecimento de síndromes que aumentem as chances de desenvolvimento do tumor.
Sintomas diversos
Como o cérebro desencadeia diversas funções neurológicas, os sintomas do glioblastoma vão variar conforme a área da lesão. "Se aquele local era responsável pelo movimento de um braço, o crescimento de uma lesão nessa região poderá diminuir a força do braço", exemplificou a oncologista em contato com o g1.
Isso significa que os efeitos podem ser dificuldade na fala, déficit de memória, conforme observado pelo empresário, e outras alterações cognitivas. Mudanças de personalidade e de comportamento, como depressão aguda em pacientes que nunca desenvolveram depressão, também podem ser sinais da doença.
E como tratar?
O primeiro passo é a neurocirurgia — só após a retirada do tumor é feita a análise para confirmar a patologia. Uma das técnicas consiste em deixar o paciente acordado para que ele interaja durante o procedimento. Em seguida, o tratamento segue com sessões de radioterapia e quimioterapia oral.
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