Motorista morre após internação por dor de garganta no Rio; família acusa negligência
O motorista de aplicativo Rafael dos Santos Pereira, de 40 anos, morreu no último sábado (19) após buscar atendimento médico por conta de uma dor de garganta. Ele passou por diferentes unidades de saúde do Rio de Janeiro até ser internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, onde a família não pôde visitá-lo.
Leidiane Beserra do Nascimento, mulher do motorista, acusa a unidade de negligência médica e registrou a denúncia na Polícia Civil.
"Acho que ele não foi atendido. Deixaram ele morrer. Como é que uma dor de garganta mata alguém? É um absurdo. Deixaram ele morrer. Ele não foi atendido", desabafou Leidiane.
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4 atendimentos
Rafael começou a sentir dor de garganta e febre no dia 11 de julho. Três dias depois, ele procurou atendimento no Hospital do Andaraí, na Zona Norte, onde foi medicado e liberado.
Ainda com sintomas fortes, Rafael foi levado pela esposa ao Centro de Emergência Regional (CER) do Leblon, na Zona Sul, no mesmo dia.
Segundo Leidiane, a dor era tão intensa que Rafael mal conseguia tomar os antibióticos prescritos pelos médicos.
Motorista morre após internação por dor de garganta no Rio; família acusa negligência
Reprodução TV Globo
Dois dias depois, ele retornou ao Hospital do Andaraí. Na madrugada de sexta-feira (18), voltou à unidade com dores no peito, foi novamente medicado e liberado, mas precisou retornar menos de uma hora depois.
Na madrugada de sábado (19), Rafael foi transferido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
De acordo com a família, ele foi internado na sala vermelha da unidade, sem direito a acompanhante ou visitas. As informações sobre seu estado de saúde só poderiam ser obtidas por telefone.
Leidiane afirmou ao RJ2 que tentou visitar o marido no sábado e ligou diversas vezes para o hospital no domingo, mas só conseguiu ser atendida uma vez, sem receber detalhes sobre o quadro clínico.
Informação da morte 36 horas depois
A notícia da morte só chegou à família na manhã desta segunda-feira (21), mais de 36 horas após o falecimento.
"Nem pra avisar que ele tinha falecido. Ele morreu no sábado, às 20h da noite e a gente só soube hoje às 7h da manhã", disse a cunhada, Maria das Graças Beserra.
O atestado de óbito aponta como causa da morte choque séptico e amigdalite aguda. A família registrou ocorrência em uma delegacia do Centro do Rio e cobra explicações das autoridades.
O que diz o hospital
Em nota, a direção do Hospital Municipal Souza Aguiar (HMSA) informou que instaurou sindicância para apurar a falha de comunicação com os familiares de Rafael.
Os funcionários envolvidos no setor de comunicação de óbito foram afastados.
A nota do hospital informava que "Rafael foi admitido no HMSA na madrugada do dia 19, transferido do Hospital do Andaraí. Foi avaliado pelo médico otorrinolaringologista, que solicitou exames de tomografia e laboratório, fechando o diagnóstico de abcesso amidaliano, com evolução para mediastinite. Trata-se de quadro considerado como uma complicação muito grave da infecção inicial e que pode levar rapidamente a óbito. Mesmo utilizando antibióticos, a infecção não recuou, o que provocou o óbito do paciente".