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MP denuncia tenente-coronel do Exército por feminicídio indireto após morte do sogro e tentativa de homicídio do cunhado


Justiça mantém prisão de tenente-coronel suspeito de agredir esposa e atirar no sogro

O Ministério Público (MP) de Roraima denunciou o tenente-coronel do Exército Kleber Yañez do Nascimento, de 46 anos, por feminicídio indireto após a morte do sogro, Diogênio Mayer, de 69 anos, baleado ao tentar proteger a filha durante um episódio de violência doméstica. A denúncia foi apresentada nessa quinta-feira (6).

O documento, assinado pelo promotor André Felipe Bagatin e apresentado à 1ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar, também inclui tentativa de homicídio do cunhado e lesão corporal no âmbito da Lei Maria da Penha contra a esposa do militar.

🔎 O que é feminicídio indireto? Acontece quando uma pessoa próxima a uma mulher (filhos ou pais) é morta para causar sofrimento psicológico, ou quando uma mulher morre de forma indireta, seja por negligência estatal (como falta de acesso à saúde obstétrica).

Kleber está preso preventivamente desde 20 de outubro, quando o caso veio à tona. Ele comandava o 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, unidade responsável pela segurança em áreas de fronteira. Após a prisão, foi afastado das funções.

“O sogro morreu ao tentar impedir o ataque direcionado à esposa do acusado, em um contexto de violência doméstica. Trata-se de feminicídio indireto, pois a morte decorre da ação homicida contra a mulher”, afirmou o promotor André Felipe Bagatin.

O g1 tenta contato com a defesa de Kleber Yañes.

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Agressões e tiros

Tenente-coronel do Exército, Kleber Yanez do Nascimento, foi preso em flagrante pela PM

Reprodução/Facebook/Kleber Yanez

Conforme a denúncia, o crime aconteceu após uma confraternização familiar. O militar agrediu a esposa na presença da filha do casal, de 10 anos. A criança pediu ajuda ao avô e ao tio, que foram até a casa do casal na Vila Militar.

Ao chegar, o sogro encontrou a filha ferida. O MP afirma que o tenente-coronel tentou matar o cunhado com disparos de arma de fogo. Em seguida, mirou na direção da esposa. O sogro se colocou entre os dois para protegê-la e foi atingido no abdômen. Ele morreu dois dias depois no Hospital Geral de Roraima (HGR).

A investigação apontou que Katiany sofria agressões físicas, psicológicas e ameaças desde 2009. Ela dependia financeiramente do marido e vivia sob intimidação.

O MP também pediu que o militar seja condenado ao pagamento de indenizações mínimas:

R$ 50 mil à esposa por danos físicos, morais e psicológicos;

R$ 150 mil à família de Diogênio Mayer;

R$ 20 mil ao cunhado Paulo Vitor Mayer.

Diogenio Mayer, de 69 anos, foi atingido com tiro pelo genro

Reprodução/Facebook

Se a denúncia for recebida pela Justiça, o militar se torna réu e o processo avança para instrução, podendo ser levado a julgamento pelo Tribunal do Júri.

O Exército deve ser notificado para apurar a atuação dos militares que atenderam a ocorrência, especialmente sobre a preservação do local do crime.

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