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MPSC apura conduta de profissional que fez procedimento estético em modelo que denunciou necrose


Modelo relata lesões após procedimentos estéticos em clínica de SC

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou uma notícia de fato para apurar a atuação da profissional Vanderléia de Fátima Andrade Santos, responsável por um procedimento estético feito com caneta pressurizada em uma modelo em Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina.

A paciente relatou ter tido necrose após ter feito o tratamento. A defesa de Vanderléia informou que não vai se manifestar.

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A notícia de fato foi aberta na sexta-feira (17). A apuração é feita a partir de uma comunicação feita pela Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul. O relatório do órgão municipal constatou que os procedimentos estéticos da profissional foram feitos:

sem alvará sanitário;

sem condições mínimas de higiene;

sem comprovação de habilitação técnica.

O objetivo do Ministério Público é apurar as seguintes situações relacionadas à atuação de Vanderléia:

riscos sanitários decorrentes de procedimentos estéticos invasivos sem autorização;

indícios de exercício irregular de atividades privativas da área da saúde;

possíveis violações aos direitos dos consumidores.

Vistorias

O procedimento de caneta pressurizada com enzimas foi feito em maio. Em 29 de julho, a Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul esteve na clínica onde ele foi realizado e interditou o local pela ausência de autorização sanitária para esse tipo de serviço.

Contudo, outra vistoria foi feita em 2 de outubro. Desta vez, o relatório da Vigilância Sanitária indica que a profissional apresentou documentos para o exercício das atividades de massoterapia, drenagem linfática e massagem relaxante.

Entretanto, o MPSC informou que esses documentos não foram enviados ao Ministério Público.

Outra vistoria da Vigilância Sanitária foi feita em 7 de outubro e constatou que não eram feitas atividades além das autorizadas.

Diante dessa situação, o Ministério Público quer esclarecer se, entre julho e outubro, foi resolvida a irregularidade ou se persiste a situação de risco sanitário e violação aos direitos do consumidor.

Isso porque, há indícios de continuidade de serviços de massoterapia, que seguem sendo divulgados pela profissional nas redes sociais. Além disso, o CNPJ dela foi mantido.

O MPSC também afirmou que a Vigilância Sanitária não esclareceu se Vanderléia segue realizando atendimentos estéticos para os quais não tem autorização devido à interdição.

Modelo que denunciou necrose após procedimento estético relata perda de trabalhos

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Caneta pressurizada

Sobre a caneta pressurizada, o Ministério Público quer esclarecer:

se na vistoria da Vigilância Sanitária foram encontradas canetas pressurizadas no local;

caso tenham sido encontradas, é preciso indicar marca, modelo, número de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e se possuem regularização.

Será preciso apurar a origem das canetas, identificando o fornecedor ou empresa responsável pela venda, além de outras informações que possam permitir a verificação se houve comercialização irregular.

O MP enviou um ofício à Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul pedindo esclarecimentos. A prefeitura informou que o documento do Ministério Público chegou na própria sexta e que o órgão municipal tem cinco dias para responder.

Além dessa apuração feita pelo MP, há um inquérito policial, que investiga especificamente o caso da modelo Karim Kamada. O delegado responsável, Luiz Carlos Gross, informou que a investigação segue em andamento.

Modelo Karim Kamada relata lesões sofridas após procedimento estético

Reprodução/Redes sociais

Modelo segue com ferimentos

A modelo fez o procedimento com a caneta pressurizada nos glúteos e nas coxas em maio. Ela relatou lesões graves, incluindo necrose, que é a morte de tecido.

Ao g1, Karim Kamada contou que buscou o procedimento justamente para retomar sua carreira como modelo. No entanto, devido às complicações, acabou perdendo oportunidades de trabalho.

O procedimento foi feito em uma clínica de Jaraguá do Sul por Vanderléia. Segundo a modelo, o procedimento foi vendido para ela como seguro e sem riscos.

Além da necrose, Karim relata que teve dores intensas, vermelhidão, febre local, inflamação severa, nódulos e celulite infecciosa.

No total, ela precisou fazer duas cirurgias. Nesta segunda-feira (20), ela relatou que ainda segue com lesões, feridas relativas aos procedimentos cirúrgicos feitos para corrigir os problemas causados pela caneta pressurizada.

Aos poucos, ela tenta retomar a rotina profissional. "Voltei para o teatro, tenho uma apresentação em novembro. Mas os trabalhos só retomarei quando estiver totalmente recuperada, já que todos exigem viagens".

A modelo também foi medicada com um antidepressivo.

"Enquanto não estiver 100%, fico insegura diante de toda essa situação".

🤔A presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em Santa Catarina, Mariana Sens, explica que a chamada caneta pressurizada é um dispositivo que empurra substâncias pela pele usando pressão, sem agulha. "Ela não permite controle preciso de dose, profundidade ou local de depósito, requisitos essenciais em procedimentos injetáveis".

Atenção: imagens fortes

Divulgação

Lesões com pontos no glúteo direito (imagem à esquerda) e atrás da perna esquerda

Karim Kamada/Arquivo pessoal

Lesão na coxa direita, com pontos

Karim Kamada/Arquivo pessoal

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