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‘Nova era comercial’: Trump adia início do tarifaço pelo mundo e oficializa sobretaxas para quase 70 países e UE; Brasil terá maior tarifa


Trump adia tarifaço em uma semana e anuncia taxas mais altas para vários países

Para maioria dos países, o tarifaço estava marcado para começar nesta sexta-feira (1º), mas Trump, sendo Trump, mudou de ideia em cima da hora. Anunciou uma data nova — com sobretaxas mais altas para uma série de parceiros.

É o começo de uma nova era comercial no planeta... sob as regras de Donald Trump. Foi assim que a imprensa internacional descreveu o decreto do presidente americano.

A implementação do tarifaço muda a forma como os países negociam — um modelo adotado desde o fim da Segunda Guerra Mundial baseado na cooperação multilateral, com redução de tarifas para ampliar o comércio.

Trump oficializou novas tarifas para quase 60 países. Para a maioria, será de 15%. Oito países e a União Europeia firmaram acordos com os Estados Unidos para reduzir as sobretaxas que Trump tinha ameaçado impor. Elas agora vão de 10% a 20%.

Os outros países da lista terão tarifas maiores: Índia, 25%, Canadá, 35%; nações como Suíça, Iraque e Mianmar, cerca de 40%. O restante do mundo continua com taxas anunciadas em abril. China e México ainda negociam acordos.

Trump adia início do tarifaço pelo mundo e oficializa sobretaxas para quase 60 países

Reprodução/TV Globo

A justificativa da Casa Branca para reunir países tão diferentes no grupo dos mais taxados é o déficit comercial dos Estados Unidos. Mas esse não foi o único critério.

Os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, mas os produtos brasileiros terão a maior tarifa de todas, 50%, porque Trump relacionou o tarifaço à ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

No decreto da noite de quinta-feira (31), Trump de novo adiou o tarifaço para quase todos os países. O prazo inicial era 9 de abril, depois 9 de julho, primeiro de agosto, e agora o presidente esticou a data em 7 dias, para quinta-feira que vem.

Segundo a Casa Branca, a extensão foi para dar tempo à alfândega americana de fazer as mudanças necessárias para coletar os novos impostos. O governo também espera que o adiamento facilite novos acordos. Para o Brasil, a data é 6 de agosto.

A consultoria Bloomberg Economics fez um balanço do tarifaço. Até 2024, a tarifa média dos Estados Unidos para produtos importados era de 2,3%. A partir da semana que vem, o valor vai chegar a mais de 15%.

O economista Steven Durlauf é diretor do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade de Riquezas na Universidade de Chicago. Em entrevista ao Jornal Nacional, ele disse que as tarifas parecem uma vitória política para Trump, mas as consequências são uma derrota para o mundo e para os próprios americanos.

“Hoje é um dia terrível para os Estados Unidos. As melhores estimativas indicam que haverá um aumento de preços na economia americana".

O professor ainda afirmou:

“A ideia de que as tarifas trarão de volta empregos é absurda. Os Estados Unidos não têm como começar a cultivar café, simplesmente vai pagar mais por ele. E mesmo em outros casos, os empregos que podem ser criados não são bem remunerados para os americanos. É só propaganda política.”

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