A Polícia Civil deflagrou nesta terça-feira (19) uma operação com o objetivo de apurar uma estrutura criminosa de apropriação indevida de valores no setor de fornecimento de insumos agrícolas, além de executar medidas de sequestro de bens dos responsáveis no Sul de Minas.
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As investigações indicam que uma empresa da região teria recebido pagamentos indevidamente de produtores rurais mesmo após a cessão formal dos respectivos créditos a fundos de investimento. Os valores, embora pagos de boa-fé, não eram repassados aos credores legítimos, resultando em cobranças duplicadas, protestos indevidos e prejuízos financeiros relevantes aos agricultores.
Durante o cumprimento dos mandados judiciais, foram apreendidos cinco veículos, além de grande quantia em dinheiro em espécie, joias, bebidas e itens de alto padrão de consumo. Também foi autorizado judicialmente o bloqueio de veículos registrados em nome dos investigados e das pessoas jurídicas diretamente envolvidas nos fatos.
Com base nos elementos já reunidos, a estimativa é que o prejuízo causado pela fraude possa chegar a R$ 80 milhões, atingindo produtores rurais em diversas regiões do Estado de Minas Gerais.
Diante da gravidade dos fatos e de indícios de ocultação e blindagem patrimonial, a operação também teve como foco a localização e o sequestro de bens dos sócios-administradores da empresa investigada, a fim de assegurar futura reparação às vítimas e evitar o esvaziamento do patrimônio.
“Trata-se de uma estrutura fraudulenta sofisticada, que se valeu da relação de confiança entre fornecedores e produtores para obter vantagem indevida. A apuração aponta, além dos delitos patrimoniais, indícios de possíveis crimes financeiros e tributários decorrentes da ocultação de receitas e manipulação de fluxos de pagamento. Nosso objetivo também é proteger o interesse das vítimas, identificar todas as ramificações do esquema e impedir que práticas dessa natureza continuem a ocorrer no setor”, afirmou o delegado Felipe Capute, responsável pela investigação.
A conduta apurada pode configurar os crimes de estelionato, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de capitais, sem prejuízo da responsabilização por eventuais infrações à legislação tributária e financeira.
As diligências foram executadas por equipes compostas por 13 policiais civis, integrantes da Delegacia Regional de Passos.
O nome da operação "Sopro Silencioso" faz alusão à maneira discreta, porém sistemática, com que os prejuízos foram causados ao longo do tempo, sob aparente normalidade comercial.
*Reportagem em atualização
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