Ressaca na orla de Santos, no litoral de São Paulo
Alexsander Ferraz/AT
O avanço do mar observado na orla de Santos, no litoral de São Paulo, e em outras cidades litorâneas do Brasil, como o Rio de Janeiro (RJ), não é reflexo do tsunami provocado pelo terremoto de magnitude 8,8 registrado na Rússia, nesta terça-feira (29). Esse terremoto gerou um maremoto com ondas gigantes que afetaram Rússia, Japão e Havaí. Já o litoral paulista é afetado pelas famosas ressacas.
Embora ambos os fenômenos envolvam a força e o avanço do mar, provocando diversos estragos, suas formações e dinâmicas são distintas, como explica a oceanógrafa e mestre em ecologia, Letícia Schabiuk.
Quais as diferenças?
As ressacas, de acordo com a especialista, são causadas pela combinação de ventos fortes, gerados por frentes frias, com o aumento natural do nível do mar durante as fases de lua nova e cheia. Esses fatores, juntos, elevam o tamanho das ondas, especialmente nas chamadas marés de sizígia, quando Sol, Lua e Terra estão alinhados e a força gravitacional é maior.
Ressaca invade avenida da praia de Santos, SP
Desde terça-feira (29), algumas cidades da costa brasileira, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, têm sido afetadas por ressacas. Neste caso, segundo a oceanógrafa, o fenômeno não foi provocado por uma frente fria, mas pela passagem de um ciclone extratropical na costa sul-sudeste do Brasil, também é capaz de causar o fenômeno.
Os tsunamis, por sua vez, têm origem em uma força física, geralmente em maremotos, que são terremotos no fundo do oceano. Esses eventos provocam deslocamentos de placas tectônicas ou tremores submersos, gerando grande movimentação da água e ondas gigantes, como explicou Letícia.
As fotos do menino com a bicicleta e da ciclovia são da ressaca em Santos (SP), enquanto a imagem do topo, à direita, foi feita nesta quarta-feira (30) na cidade de Severo-Kurilsk, nas Ilhas Curilas do Norte da Rússia, atingida por um tsunami.
Alexsander Ferraz/AT e Governo da Região de Sacalina/AFP
O que são placas tectônicas?
As placas tectônicas são pedaços enormes da crosta terrestre que ficam embaixo dos continentes e oceanos. Elas se encaixam como um quebra-cabeça e estão sempre em movimento, o que pode causar terremotos e tsunamis.
Mapa mostra a divisão das placas tectônicas da crosta terrestre.
WIKIMEDIA/Reprodução
O Brasil pode sofrer com tsunamis?
A oceanógrafa afirmou que, se existir alguma possibilidade, ela é muito remota, devido à distância da costa brasileira em relação às bordas das placas tectônicas. Segundo ela, até mesmo um tsunami causado pelo terremoto registrado na Rússia dificilmente teria impactos sentidos no Brasil.
“O Brasil é um país com uma chance mínima, mínima, praticamente zero, de acontecer um tsunami, uma vez que as placas tectônicas, as rachaduras, como a gente pode dizer, os encontros de placas, estão bem distantes da costa do Brasil. Então a gente não sente tremores grandes de terra, de terremotos nem maremotos, que são o que geralmente originam os tsunamis”, ressaltou.
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