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Polícia conclui que candidato à Prefeitura de Itapetininga forjou ameaças para influenciar eleição


Polícia conclui que Milton de Oliveira Junior, candidato à Prefeitura de Itapetininga em 2024 forjou ameaças para influenciar eleição

Reprodução/TV TEM

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga (SP) concluiu que o candidato a prefeito Milton de Oliveira Junior forjou uma ameaça com suposto envolvimento de facção criminosa para influenciar o resultado das eleições municipais de 2024. O relatório final do inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público, que pode oferecer denúncia.

A investigação começou após o próprio Milton Jr., candidato pelo PL, e a coligação “Coragem para Mudar” denunciarem o recebimento de mensagens caluniosas e ameaçadoras por meio do WhatsApp. Segundo eles, as mensagens sugeriam uma trama criminosa para fraudar o pleito, com participação de integrantes do crime organizado e de autoridades públicas.

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No entanto, diligências conduzidas pela DIG, incluindo quebra de sigilo de dados e análise técnica de celulares, indicaram que a denúncia foi forjada pelo próprio candidato, com apoio do também investigado Eliabe Venâncio Aires Gonçalves, aliado político de Milton.

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Indícios e contradições

De acordo com o relatório da Polícia Civil, o número emissor das mensagens estava salvo nos contatos de Milton antes mesmo da data em que ele afirmou ter recebido as ameaças. A conta de WhatsApp e o chip utilizados estavam vinculados a e-mails pessoais dos investigados, inclusive com autenticação em dois fatores.

A investigação também mostrou que havia troca de mensagens anterior entre os investigados e o número emissor, além de conversas que apontam planejamento de compra de votos, manipulação de enquetes e criação de identidade falsa para registrar o chip usado nas ameaças.

O próprio Eliabe confessou, em depoimento, que criou e entregou o aparelho utilizado para envio das mensagens a um terceiro ligado a Milton Jr. Segundo a DIG, há contradições entre os depoimentos de Milton e os dados extraídos dos celulares, inclusive em relação ao acesso a contas bancárias e e-mails usados na operação.

Os IPs rastreados nas mensagens também foram localizados em endereços profissionais de Milton Jr., o que enfraquece a versão apresentada inicialmente por ele.

Possível crime eleitoral

A conduta atribuída a Milton pode configurar o crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral, previsto no artigo 326-A do Código Eleitoral. A pena é de reclusão de 2 a 8 anos quem provoca a instauração de investigação contra pessoa sabidamente inocente com objetivo político ou eleitoral.

Segundo a DIG, há fortes indícios de autoria e materialidade. A participação de Eliabe também é considerada relevante, mas a polícia entendeu que ele não deu causa direta à abertura do inquérito. Ainda assim, poderá responder por crimes como falsidade ideológica, uso de documento falso, associação criminosa e fake news com finalidade eleitoral.

Inelegibilidade e impacto político

O relatório da Polícia Civil também destaca que Milton Jr. já foi condenado à inelegibilidade por oito anos, em decisão da Justiça Eleitoral, por abuso de poder nas eleições de 2024. Segundo a autoridade policial, o novo episódio reforça uma conduta reiterada e desvio de finalidade no uso da estrutura de campanha.

O documento recomenda cautela na concessão de eventuais benefícios penais, como acordos de não persecução, diante da gravidade do caso e do impacto institucional provocado pela tentativa de manipulação da opinião pública e do sistema eleitoral.

O g1 entrou em contato com a defesa de Milton Jr., mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Eliabe Venâncio Aires Gonçalves.

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