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Por que a conta de luz pesa tanto no bolso dos brasileiros


Por que a conta de luz pesa tanto no bolso dos brasileiros – Crédito: Divulgação

A conta de luz virou um dos maiores vilões do orçamento no Brasil. Segundo o IBGE, as famílias brasileiras gastam, em média, 18% da renda só com energia elétrica — um peso que aumenta ainda mais nas periferias, onde o consumo é menor, mas proporcionalmente ocupa uma fatia maior da renda familiar.

No total, o país desembolsa cerca de R$ 200 bilhões por ano em eletricidade, valor que afeta tanto o dia a dia das famílias quanto a competitividade das empresas. Para muitas pequenas e médias companhias, a energia é um dos três maiores custos fixos, o que acaba encarecendo também os produtos e serviços que chegam ao consumidor final.

O impacto social do esgotamento do setor elétrico

Quando o sistema elétrico fica pressionado e os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, a bandeira vermelha aparece na conta de luz para indicar que a energia que está chegando pela rede elétrica foi gerada em uma termelétrica. Na prática, isso significa que nesses momentos a população paga um valor extra a cada 100 kWh consumidos, simplesmente porque o país precisou recorrer a uma fonte mais cara de energia.

Para quem já vive no limite, essa cobrança a mais pesa no bolso. Segundo pesquisa do Ipec com apoio do Instituto Clima e Sociedade, 46% dos brasileiros comprometem metade ou mais da renda com as contas de luz e gás. Em muitos casos, o impacto é tão grande que 10% da população gasta praticamente toda a renda apenas para manter esses serviços básicos. Esse cenário força as famílias a deixarem de comprar alimentos, roupas ou itens essenciais para conseguir pagar a conta.

Nas empresas, a tarifa mais alta acaba sendo repassada ao consumidor, criando um ciclo em que todos pagam mais. Quando entra em vigor a bandeira vermelha, o peso aumenta ainda mais, aprofundando a desigualdade e a chamada pobreza energética.

A democratização das fontes limpas de energia

Mesmo com quase 90% da matriz elétrica formada por fontes não fósseis, a conta de luz no Brasil continua entre as mais caras do mundo quando se considera o poder de compra da população, segundo a Agência Internacional de Energia. Essa contradição mostra que não basta ter uma matriz relativamente limpa; é preciso também que a energia seja acessível.

A transição energética pode ser uma resposta concreta a esse desafio social. Ampliar a participação de fontes como solar e eólica não só reduz a dependência das termelétricas — que encarecem a tarifa em períodos de seca — como também abre caminho para uma energia mais barata e estável.

A geração distribuída compartilhada surge como uma solução democrática nesse contexto, permitindo que pessoas, comércios e condomínios tenham acesso à energia solar sem precisar investir em placas ou obras. Para uma família de baixa renda, isso significa aliviar o peso das bandeiras tarifárias no fim do mês; para pequenos negócios, pode representar fôlego extra para manter empregos. Aos poucos, trocar a lógica da conta de luz como um fardo pela energia limpa como oportunidade é o que pode transformar a realidade de milhões de brasileiros.

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