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'Precisamos agir rapidamente juntos', diz secretário-geral da ONU na Cúpula dos Líderes


Antonio Guterres fala na abertura da COP30 em Belém

Pablo PORCIUNCULA/AFP

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou o investimento em combustíveis fósseis e afirmou que o mundo fracassou em garantir a manutenção da temperatura global abaixo de 1,5°C em seu discurso durante a Cúpula dos Líderes, nesta quinta-feira (6).

Guterres foi o primeiro a falar no encontro que marca a abertura política da COP30.

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O líder da ONU ressaltou as consequências socioeconômicas do aumento da temperatura do planeta e alertou para a necessidade de uma ação conjunta das nações para que a situação seja minimamente revertida.

"Precisamos de uma mudança fundamental de paradigma para limitar a magnitude e a duração dessa ultrapassagem e reduzi-la rapidamente", afirmou.

➡️Ao longo do discurso, Guterres:

Falou sobre o cenário inevitável de ultrapassar, mesmo que temporariamente, o limite de 1,5°C de aquecimento da temperatura média global, estabelecido pelo Acordo de Paris;

Criticou o uso de combustíveis fósseis, bem como o lobby e os subsídios às indústrias de carvão, petróleo e gás;

Afirmou que os obstáculos para a mudança no cenário climático são muito mais políticos do que tecnológicos;

Cobrou ações mais efetivas de países ricos em direção à justiça climática;

Apelou para que a COP30, em Belém, seja um ponto de virada para a crise climática.

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Veja abaixo, com mais detalhes, o que o secretário-geral da ONU disse sobre cada um dos pontos.

'Ultrapassar o limite de 1,5°C é inevitável'

Guterres iniciou seu discurso afirmando que as nações fracassaram em garantir que a temperatura global permaneceria abaixo de 1,5°C, como previa o Acordo de Paris.

"Após décadas de negação e atraso, a ciência agora nos diz que uma ultrapassagem temporária do limite de 1,5°C – começando, no mais tardar, no início da década de 2030 – é inevitável", lamentou.

Ele alertou que o aquecimento pode levar ecossistemas a pontos de ruptura catastróficos, expor bilhões de pessoas a condições inabitáveis e ampliar ameaças à paz e à segurança.

O chefe da ONU ainda ressaltou as consequências econômicas da crise climática e como os países seriam afetados de maneira desigual.

Ele classificou o limite de 1,5°C como "uma linha vermelha para a humanidade", lembrando que o aquecimento do planeta está acelerando.

"Mesmo que totalmente implementados, os planos climáticos nacionais nos colocariam em um caminho de aproximadamente 2,3°C de aquecimento global", pontuou.

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'Investir em combustíveis fósseis é apostar contra a humanidade'

Nesse contexto, Guterres colocou o constante investimento em combustíveis fósseis como um problema urgente.

Ainda que bilhões de dólares estejam sendo investidos em energia limpa, muito ainda se gasta em formas de energia poluentes, segundo o secretário-geral.

"Os combustíveis fósseis continuam recebendo enormes subsídios – dinheiro público – e apoio político. Gastam bilhões em lobby, enganam o público e bloqueiam o progresso", criticou.

Guterres ainda classificou esse tipo de investimento como "míope" e "autodestrutivo", afirmando que cada dólar gasto em subsídios a combustíveis fósseis é dinheiro desviado da saúde e do futuro comum.

"Investir em combustíveis fósseis é apostar contra a humanidade — e contra as próprias economias", disse.

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'O obstáculo não é a tecnologia'

Considerando os crescentes investimentos em uma matriz energética mais limpa, Guterres foi categórico ao afirmar que "o obstáculo [para combater a crise climática] não é a tecnologia".

"Temos as soluções para transformar nossas economias e proteger nossas populações. O obstáculo é a coragem política", criticou.

Ele ainda condenou a quantidade de promessas estagnadas e o lucro de empresas com a devastação climática.

O secretário-geral ainda pontuou que muitos líderes ainda estão presos a interesses relacionados aos combustíveis fósseis, em vez de proteger o interesse público.

'Precisamos agir mais rápido'

Para que a situação seja minimamente revertida, ele cobrou uma ação mais rápida e efetiva, especialmente dos países mais ricos.

"Os países desenvolvidos devem liderar, mobilizando US$ 300 bilhões por ano e honrando seus compromissos — oferecendo financiamento acessível, previsível e na escala combinada", cobrou.

Ele listou algumas medidas urgentes para mudar o cenário:

Acordar um plano ousado para fechar a lacuna de ambição das NDCs rumo a 1,5 °C.

Impulsionar uma nova era energética, baseada em renováveis, eletrificação e eficiência;

Construir redes modernas e armazenamento em larga escala;

Interromper e reverter o desmatamento até 2030;

Reduzir as emissões de metano;

Estabelecer cronogramas de eliminação do carvão alinhados a 1,5 °C;

E encerrar a aprovação de novas usinas de carvão e novos projetos de petróleo e gás.

'Façam de Belém o ponto de virada'

Ao fim do discurso, Guterres desejou que a COP30, em Belém, seja um ponto de virada em direção a um combate mais efetivo da crise climática.

"Os países em desenvolvimento devem deixar Belém equipados com um pacote de justiça climática que garanta equidade, dignidade e oportunidade", pediu.

Ele reforçou a necessidade de se estabelecer um plano concreto para financiamento dessa mudança, buscando um programa de transição energética que coloque a justiça climática no centro.

"Escolham velocidade, escala e solidariedade — agora. Façam de Belém o ponto de virada", finalizou.

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