Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, visita terra indígena Yanomami pela primeira vez
Nalu Cardoso
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, chegou a Roraima neste domingo (14) para visitar o território indígena Yanomami pela primeira vez. Ele foi recebido pelo xamã Davi Kopenawa e pela presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Joenia Wapichana.
Luís Roberto Barroso é relator da ADPF 709, uma ação que tramita no STF e pede pela proteção dos indígenas e medidas para a retirada de garimpeiros da Terra Yanomami.
"Na maior extensão possível, o STF tem procurado cumprir esse mandamento constitucional. Aqui, nós estamos em uma região em que havia ampla invasão das Terras Yanomami, que nós determinamos a desintrusão e foi bem sucedida, eu vim aqui para ver como tudo ficou, após o cumprimento adequado das ordens judiciais", explicou o ministro em entrevista ao g1.
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O objetivo é que o presidente do STF veja o avanço no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas, explicou o General Viana Filho, comandante militar da Amazônia.
Luís Roberto Barroso é relator da ADPF 709, uma ação que tramita no STF e pede pela proteção dos indígenas
Divulgação
"Essa é a missão que coube as Forças Armadas, de apoiar as comunidades e preservar o meio ambiente e coibir os crimes ambientais", disse o general.
O ministro deve sobrevoar ainda neste domingo por áreas atingidas pelo garimpo ilegal, como Homoxi e Xitei, além de pousar na pista do Surucucu e na região Palimiú.
Há décadas, o território é alvo do garimpo ilegal, que contamina os rios e afeta diretamente o modo de vida dos Yanomami. A região está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas, além da retirada de garimpeiros.
"A autoridade que mora longe da nossa floresta Yanomami, veio para visitar, olhar a realidade, para ver se está dando certo ou não. Em 2023 e 2024, morreram muitos parentes, nossas crianças... chega de morte. Por isso estamos aqui com o ministro, ele que manda o pessoal tirar o garimpo. Não está resolvido ainda", declarou Davi Kopenawa.
A Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima, onde está a maior parte. Cerca de 32 mil indígenas vivem na região, em 392 comunidades.
"A visita é muito importante para constatar em loco a situação atual dos povos que vivem na terra indígena Yanomami. A Funai está acompanhando a comitiva porque acompanhamos as ações judiciais que estão no STF. Nós estamos em 2025, dois anos depois da declaração de emergência, então o judiciário pode ter a verificação, tanto dos garimpos e do retorno da dignidade do povo", disse Joenia Wapichana.
Nessa segunda-feira (15), o ministro segue agenda em Boa Vista e com apresentação das ações executadas no plano de desintrusão do garimpo ilegal, na Casa de Governo.
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Nalu Cardoso
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