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Proximidade com a floresta faz de Belém um espelho dos desafios da COP


Proximidade com a floresta faz de Belém um espelho dos desafios da COP

A TV Liberal, afiliada da Globo no Pará, é nossa parceira na cobertura especial sobre a COP 30. A repórter Jalília Messias está em um dos novos espaços de lazer de Belém: a Nova Doca. Esse parque fica na parte central da cidade e é um dos legados da COP. Por lá, passa um canal porque Belém é banhada por rios - a conexão com as águas faz parte de nossa identidade.

O belenense gosta de receber, é uma alegria mostrar a cidade para os visitantes, o que tem de melhor... E turista não falta por lá. Eles levam para comer peixe com açaí no Ver-o-Peso, tomar um tacacá, dançar, curtir a nossa cultura vibrante. A repórter Jalília Messias preparou uma reportagem sobre a escolha de Belém para essa COP.

Quase três anos se passaram desde que a ONU escolheu Belém como sede da COP. Ao apresentar a candidatura, a aposta brasileira foi no simbolismo de realizar pela primeira vez a conferência mundial em uma cidade da Amazônia, ainda que ela não tivesse a infraestrutura ideal. A proximidade com a floresta faz de Belém um espelho dos desafios da COP.

Como proteger cidades banhadas por rios e próximas do mar? Como combater o desmatamento, explorar a floresta sem destruí-la? Como diminuir a poluição, fazer a transição energética e tratar com dignidade povos ribeirinhos e indígenas?

Rosineide Trindade mora na Ilha do Combu e faz parte de uma associação que gera renda com sementes de andiroba, usadas em cosméticos. Onde a água doce é farta, ainda falta abastecimento regular. Mas chegaram outros serviços.

“Olha, para nós, mudou muita coisa: visibilidade, muitas pessoas procuram a gente, e isso faz incentivar o nosso trabalho”, diz Rosineide.

“Veio melhorias como internet, melhorias de energia, qualidade de energia boa”, conta Rosivaldo Quaresma, trabalhador extrativista.

A União Europeia e ONGs questionaram a escolha da sede da COP por causa da infraestrutura e da rede hoteleira limitada. Em junho, o escritório das Nações Unidas para a COP realizou uma reunião de emergência: 80 países em desenvolvimento reclamavam que, mesmo com subsídio da ONU, não tinham como pagar a hospedagem. Essa foi a grande crise nos preparativos da COP. Diárias chegaram a custar dez vezes o preço normal – em outras COPs, subiram duas ou três vezes.

Em agosto, 25 países negociadores, incluindo Canadá, Suécia e Holanda, assinaram um documento pedindo a transferência total ou parcial da COP para outra sede devido aos preços das hospedagens. O governo federal contratou dois transatlânticos para hospedar delegações e criou uma plataforma em que aluguéis poderiam ser negociados a preços menos altos, o que atenuou em parte o problema.

"No começo, os países estavam tendo dificuldades em fazer as reservas nos hotéis e imóveis. Hoje, mais de 160 países já estão confirmados com hospedagens já reservadas, garantidas e pagas, inclusive, por eles", diz lter Correia, secretário-geral da COP

Mais de R$ 4 bilhões foram investidos em Belém pelos governos federal, estadual e prefeitura. Para os moradores, a COP trouxe muitos benefícios. Segundo o Sistema Nacional de Informações em Saneamento, antes da COP, apenas 19% da população urbana de Belém era atendida com serviço de esgoto. Com as obras para o evento, o percentual subiu para 39%.

Repórter: O que a senhora espera para além da COP?

Graça Paixão, dona de casa: Meu Deus, mais melhorias, porque é o que a gente precisa. É o mínimo, é o básico.

A Vila da Barca é uma das maiores comunidades sobre palafitas da Amazônia. Até bem pouco tempo atrás, os moradores não tinham água tratada em casa.

“Olha, tinha um momento que a gente tinha que comprar água mineral, porque a água faltava e quando ela voltava ela vinha com aquele odor, aquele fedor”, conta um morador.

Por terra, Belém só tem um acesso: a BR-316. O trânsito melhorou com a construção de novos viadutos. Avenidas foram recapeadas e receberam nova sinalização. A estrutura de um antigo aeroporto agora é o Parque da Cidade - uma área de 500 mil m² que será o coração da conferência.

A sede da COP ainda enfrenta desafios gigantescos. Belém ocupa a posição 22 no ranking de desenvolvimento humano municipal, que incluiu o Distrito Federal e as 26 capitais estaduais. A taxa de analfabetismo está entre as maiores para as capitais.

“No momento em que se escolhe Belém, um outro centro, era natural a desconfiança. E em momento algum nós tínhamos a expectativa de que, ao atrair a COP, nós teríamos uma cidade que não teria mais nenhum problema. Mas o fato é que nós tivemos uma evolução de qualidade de cidade”, diz o governador do Pará, Helder Barbalho, do MDB.

Proximidade com a floresta faz de Belém um espelho dos desafios da COP

Reprodução/TV Globo

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