
CPI do INSS prende presidente da confederação de pescadores
Preso nesta segunda-feira (3) durante sessão da CPI do INSS, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, tem 64 anos de idade e histórico na política e nas páginas policiais.
Abraão Lincoln já se candidatou duas vezes ao cargo de deputado federal pelo Rio Grande do Norte e ficou na suplência em 2014 e 2018, pelo PRB. Na primeira ocasião, declarou à Justiça Eleitoral a profissão de pescador. Ele já tinha sido candidato a deputado estadual em 2006 e 2010, pelo então PMDB, mas não foi eleito.
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Em 2019, o político teve as contas de campanha da eleição anterior desaprovadas e foi sentenciado a devolver R$ 21.000,44. A ação só foi extinta neste ano, após o pagamento da dívida em parcelas.
Entre as disputas eleitorais por uma cadeira em Brasília, Lincoln foi preso em 2015 na operação Enredados, deflagrada pela Polícia Federal com apoio do Ibama para investigar um esquema de concessão ilegal de permissões de pesca industrial, emitidas pelo Ministério da Pesca.
Presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, durante CPMI do INSS
Carlos Moura/Agência Senado
Então presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA), ele se entregou à polícia no Rio Grande do Sul após a Justiça emitir um mandado de prisão. Na ocasião, o PRB o afastou da presidência da legenda no Rio Grande do Norte.
O presidente da CBPA mantém as redes sociais atualizadas principalmente com encontros com políticos do Rio Grande do Norte, além de mostrar visitas a colônias de pescadores e agendas em Brasília.
A CBPA foi fundada em 2020 após a saída de Lincoln da CNPA. A entidade está entre as associações investigadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano para apurar descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024.
Tanto a confederação como Abraão Lincoln Ferreira da Cruz tiveram bens bloqueados, por requisição da Advocacia Geral da União.
Prisão na CPI
O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana, deu voz de prisão a Abraão Lincoln após afirmar que o depoente, em condição de testemunha, fez afirmação falsa, negou ou calou a verdade. Lincoln permaneceu em silêncio durante grande parte das perguntas na sessão desta segunda-feira (3).
Essa foi a terceira prisão da CPMI, sendo as outras duas do presidente da Conafer e do ex-diretor de empresas do Careca do INSS.
Segundo o relator, Lincoln mentiu sobre o motivo de sua saída da CNPA - ele declarou que tinha renunciado ao cargo, quando na verdade tinha sido afastado como medida cautelar - e “negou por meio do silêncio” conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, mas admitiu o vínculo ao responder a outras perguntas.
Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da CBPA, preso na CPMI do INSS
Convocado como testemunha, Lincoln compareceu com habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão garantiu o direito ao silêncio e à não autoincriminação.
Abraão foi acusado de apresentar “inverdades e contradições”. Foi interpretado pela comissão que o silêncio dele "prejudicou a verdade". Lincoln também teria mentido sobre a natureza de sua relação com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA, e sobre o alcance da procuração passada a Adelino Rodrigues Junior.
O relator destacou que a CBPA passou de 4 cadastros em maio de 2023 para 757 mil em 2025, além de tentativas de incluir 40 mil pessoas já falecidas como filiadas. Segundo Gaspar, a confederação recebeu R$ 221 milhões em descontos associativos, cerca de R$ 10 milhões mensais. Lincoln disse que enviará documentos à CPMI.
O presidente da CPMI afirmou que 99,5% dos filiados não reconheceram os descontos. Lincoln afirmou ter mandado suspender os valores sob suspeita.
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