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Quem é líder de esquema de tráfico internacional que trocava etiquetas de malas em aeroporto


PF prende chefe de quadrilha que trocava etiqueta de malas para enviar drogas para a Europa

A Polícia Federal prendeu na última terça-feira (22) Renato Machado, de 30 anos, apontado como o chefe de um esquema de tráfico internacional de drogas que atuava no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do país. (Veja vídeo acima.)

A quadrilha ficou conhecida por trocar etiquetas de bagagens para enviar cocaína à Europa. O caso ganhou repercussão em 2023, quando duas brasileiras inocentes foram presas na Alemanha após terem seus nomes usados em malas com drogas.

A prisão de Renato ocorreu em uma cobertura de alto padrão em Guarulhos, na Grande São Paulo, após dois anos de investigação. Segundo a PF, ele era a peça que faltava no quebra-cabeça montado a partir de imagens de segurança, interceptações telefônicas e depoimentos de outros envolvidos.

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Apesar de nunca ter trabalhado no aeroporto, Renato tinha contatos estratégicos e era responsável por montar as escalas dos funcionários envolvidos no esquema. Ele não tocava na droga, mas dava ordens à distância e, eventualmente, fazia pagamentos ou oferecia caronas a comparsas.

“Ele não vinha aqui. Ele não era ex-funcionário daqui. Mas ele tinha contatos. É ele que formava as escalas daquele dia para aquele voo, para aquela localidade que a droga ia”, afirmou o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, Felipe Lavareda.

"A gente tinha apenas o apelido dele. Então não sabia quem era. Tanto que ele ficou surpreso quando a gente achou ele", relembra o delegado.

Renato Machado, de 30 anos, foi preso na última terça-feira, em uma cobertura na cidade de Guarulhos

Reprodução/Fantástico

Esquema sofisticado e compartimentado

A PF identificou ao menos 16 pessoas envolvidas no esquema. Um dos primeiros presos foi Pedro Venâncio, flagrado trocando etiquetas. Em depoimento, ele afirmou que receberia R$ 10 mil pela ação. Tamiris Zacharias, ex-funcionária de uma companhia aérea, confessou ter despachado malas com cocaína usando um guichê desativado e disse que receberia R$ 30 mil.

Outro integrante, Fernando Reis, conhecido como "Brutus", foi flagrado em conversas comemorando o envio de drogas e planejando novas remessas. Ele afirmou não conhecer o dono da droga, alegando que os chefes eram pessoas ricas e inacessíveis.

"Esse dono a gente nunca teve contato com essas pessoas, porque elas são muito ricas e elas não deixam a gente ter aproximação nenhuma com elas", disse em depoimento.

A PF suspeita de ligação do grupo com o Primeiro Comando da Capital (PCC). No celular de Renato Machado, os investigadores encontraram mensagens que indicam comportamento violento e ameaças a possíveis delatores.

O que dizem os envolvidos?

As defesas dos envolvidos negam participação ou alegam falta de provas. A defesa de Renato Machado afirmou que toda a narrativa da polícia foi construída com base em suposições e conexões, sem provas ou flagrantes, e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis.

Já os advogados de Pedro Venâncio informaram que aguardam o julgamento de um recurso para diminuir a pena, por acreditarem que a condenação não levou em conta a importância da confissão.

A defesa de Fernando Reis negou a participação no crime da troca de etiquetas das malas e aguarda o resultado de um recurso.

No processo, a defesa de Tamiris Zacharias alegou que sua participação no envio de drogas para Alemanha, Portugal e França não indicaria envolvimento com organização criminosa, e por isso recorreu para que a pena-base seja fixada no mínimo legal.

A defesa de Fernando Reis também pediu revisão da pena, alegando que o cliente confessou participação no tráfico de drogas para Lisboa, em 2022, mas negou envolvimento no caso da Alemanha, de 2023.

Dos 16 presos suspeitos de envolvimento no esquema, 15 já foram condenados — um deles a 39 anos de prisão. Quase todos moravam num raio de dois quilômetros do aeroporto. Com a prisão de Renato Machado, a Polícia Federal considera o caso encerrado.

“Troca de etiqueta de um passageiro embarcando e chegando no destino para pegar sua mala, desde esse fato, a gente não teve mais nenhuma informação nesse sentido”, afirmou um dos investigadores.

“Esse é o nosso objetivo nas investigações: é chegar em quem está cooptando a mula, em quem está contratando ela, mandando a droga muitas vezes sem chegar nem perto da droga, simplesmente sendo o líder daquele esquema”, afirmou outro delegado da Polícia Federal, Júlio César Baida Filho.

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