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RMC tem 12 mil vagas abertas em bares e restaurantes, mas falta de mão de obra preocupa setor, diz Abrasel


Donos de bares e restaurantes relatam dificuldade para contratar na região de Campinas

Contratar e manter profissionais para as funções de cozinha e atendimento vem sendo um desafio para bares e restaurantes da região de Campinas.

Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), há 12 mil vagas abertas até o fim do ano na Região Metropolitana de Campinas (RMC), 20% a mais que no ano passado.

Entre as dificuldades ressaltadas por empresários estão a falta de interessados e de trabalhadores qualificados. Atualmente, cerca de 35% do setor já está com dificuldades no preenchimento das vagas.

De acordo com a instituição — que repesenta 1500 estabelecimentos do ramo na região — apesar da expectativa de alta no faturamento nesta época do ano, a falta de trabalhadores pode impactar negativamente os resultados.

'Fez a entrevista e não apareceu'

Empresário André Gonçalves tem enfrentado dificuldades para contratar mão de obra para seu restaurante

Reprodução/EPTV

André tem um restaurante e casa de massas sem glúten com três funcionários na cozinha. Segundo ele, o ideal seria pelo menos seis. Com dificuldades para contratar, André trabalha junto da mãe e outras pessoas da família. Ele sabe que poderia crescer, mas evita a divulgação porque sabe que não daria conta da demanda.

"Estamos tendo muita dificuldade de contratar pessoas. Um rapaz veio ontem fazer a entrevista, ajustamos o horário, passamos tudo o que ele tinha que fazer. E hoje, simplesmente, não apareceu e também não dá notícia. Isso está sendo recorrente", conta o empresário André Gonçalves.

A mudança de emprego registrado para o informal ou eventual e a vontade de ter o próprio negócio também impactam o mercado de trabalho no setor.

Dalva Zanatta trabalhou em churrascaria por quase 20 anos, deixou o emprego e em 2022 abriu um bar com um sócio. Ela também sofre com falta de profissionais.

A vaga de auxiliar de cozinha está sem ser preenchida há mais de seis meses. Ela tem a mesma dificuldade que André Gonçalves:

"Vem a pessoa, faz um testezinho, faz um freelancer e a gente fala: 'legal, traga a documentação'. E aí não aparece mais", conta ela, que teme o aumento de demanda no fim do ano.

"Nessa época, a demanda sempre aumenta. Começam com fraternizações, festas de final de ano, as pessoas mesmo já começam a sair mais, o calor já faz com que as pessoas saiam mais, então aumenta a demanda para todos, então acaba dificultando ainda mais", explica Dalva.

O que diz o especialista?

O conselheiro regional da Abrasel, André Biazzo, afirma que a maior dificuldade é encontrar profissionais para as vagas mais especialistas, como cozinheiro, especialmente no horário noturno.

Ele também elenca as alternativas encontradas pelos bares e restaurantes para driblar a escassez de mão de obra:

"Eu vejo os estabelecimentos procurando alternativas como projetar a sua cozinha de uma forma diferente, mudar os processos internos para que você consiga atender a mesma demanda que você tinha antes com menos gente dentro da cozinha, investir em equipamentos que possam suprir essa falta também do colaborador".

Com a maioria dos bares e restaurantes da região esperando até 20% de alta no faturamento no fim de ano, muitas empresas devem recorrer ao trabalho eventual. Para representantes do setor, isso também pode atrapalhar o atendimento aos clientes.

"A troca constante de funcionário ou ter funcionários freelancers que são pontuais, não garante o padrão. Então, você coloca em xeque a qualidade do teu negócio, além de ficar com uma equipe defasada, com um salão cheio de clientes para atender e você não tendo mão de obra suficiente para poder dar conta de tudo aquilo", argumenta Biazzo.

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