
EUA vão cancelar 10% dos voos dos 40% aeroportos mais movimentados
O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, afirmou nesta sexta-feira (7) que pode determinar cortes de até 20% nos voos se a paralisação do governo não terminar. As companhias aéreas já começaram a aplicar reduções impostas pelo governo.
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▶️ Contexto: A paralisação no governo ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento federal dentro do prazo. Com isso, o governo fica sem dinheiro para manter serviços e pagar servidores federais.
No centro do impasse está a saúde. Os democratas, opositores de Donald Trump, afirmam que só aprovarão o projeto se programas de assistência médica forem prolongados.
O governo precisa de 60 votos no Senado para aprovar o orçamento, mas apenas 53 senadores são do mesmo partido do presidente.
A Administração Federal de Aviação (FAA) ordenou um corte de 4% nos voos desta sexta-feira em 40 grandes aeroportos. A redução deve subir para 10% até 14 de novembro.
Atrasos causados por ausência de controladores de tráfego aéreo afetaram centenas de voos em 10 aeroportos, como Atlanta, San Francisco, Houston, Phoenix, Washington, D.C., e Newark. Até 19h30 (horário de Brasília), mais de 5,3 mil voos tinham registrado atraso, segundo o FlightAware.
No aeroporto que atende a capital, Washington, D.C., o tempo médio de atraso era de quatro horas. Cerca de 17% das operações foram canceladas e quase 40% dos voos estavam atrasados.
Durante os 38 dias de paralisação, 13 mil controladores e 50 mil agentes de segurança trabalharam sem salário. A ausência crescente tem afetado as operações. Muitos controladores foram avisados na quinta-feira (6) que não receberiam pagamento pela segunda quinzena seguida.
O governo Trump tenta pressionar democratas no Congresso a aprovar o orçamento republicano que permitiria reabrir o governo. A possibilidade de grandes interrupções no setor aéreo faz parte dessa pressão.
Já os democratas dizem que os republicanos são responsáveis pelo impasse por se recusarem a negociar a extensão dos subsídios de saúde.
Duffy disse a jornalistas que pode exigir cortes de até 20% se a situação piorar e mais controladores faltarem ao trabalho. “Eu avalio os dados”, afirmou. “Vamos tomar decisões com base no que vemos no espaço aéreo.”
Caos nos aeroportos
Voo da Alaska Airlines decola do Aeroporto Internacional de Los Angeles, em 6 de novembro de 2025
REUTERS/Mike Blake
Os cortes começaram às 8h (horário de Brasília) e incluem cerca de 700 voos das quatro maiores companhias — American, Delta, Southwest e United. A redução deve subir para 6% na terça-feira (11) e chegar a 10% até 14 de novembro, caso a paralisação continue.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, publicou a foto de um painel de voos cheios de cancelamentos. “O shutdown republicano parou os EUA — bem na época de fim de ano!”, escreveu.
No início da semana, o administrador da FAA, Bryan Bedford, disse que entre 20% e 40% dos controladores têm faltado ao trabalho diariamente.
American Airlines diz que novos cortes serão “problemáticos”. O CEO da empresa, Robert Isom, afirmou que não espera um impacto significativo imediato para passageiros com as reduções ordenadas pelo governo, mas disse que o efeito tende a aumentar.
A American informou à Reuters que cancelou 220 voos nesta sexta-feira, afetando 12 mil passageiros, e que conseguiu realocar a maioria em poucas horas. Menos voos devem ser cortados no fim de semana, quando o volume programado cai.
A United disse que metade dos passageiros afetados conseguiu ser realocada em até quatro horas. A empresa cancelou 184 voos nesta sexta e prevê cortar 168 no sábado (8) e 158 no domingo (9).
Duffy havia anunciado na quarta-feira que os cortes seriam de 10% já nesta sexta. Mas a FAA decidiu começar com 4% para reduzir o impacto.
Segundo Duffy, dados de segurança motivaram a decisão, incluindo registros de aeronaves que não mantiveram distância adequada e incursões em solo.
A FAA também está restringindo lançamentos espaciais, e autoridades afirmam que podem cortar até 10% dos voos de aviação privada em aeroportos de grande movimento. Voos internacionais não são afetados.
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