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'Solidariedade e acolhimento': neta relembra legado de Tuffi Athia, pioneiro do serviço funerário em Presidente Prudente


Tuffi Athia tem nome eternizado no Cemitério Campal de Presidente Prudente

Família Athia/Arquivo

A história de Presidente Prudente (SP) se entrelaça com a de Tuffi Athia, um imigrante sírio que chegou à cidade em 1919 e se tornou pioneiro em diversos setores na cidade, desde segurança pública ao empreendedorismo funerário.

Quase um século depois, o nome dele batiza o Cemitério Campal, em reconhecimento ao legado deixado na construção e no desenvolvimento do município.

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Da Síria ao Oeste Paulista

Nascido em Ladíquia, na Síria, em 1893, Tuffi Athia chegou ao Brasil ainda jovem, em busca de oportunidades.

Após uma breve passagem pela Argentina e pelo interior paulista, desembarcou em Presidente Prudente, pouco tempo depois da fundação da cidade.

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Com talento para marcenaria e costura, Tuffi começou a confeccionar caixões sob medida em uma época marcada por epidemias e alta mortalidade infantil.

Em 1926, fundou a primeira empresa funerária da cidade, atendendo famílias que, até então, precisavam viajar para São Paulo em busca de urnas de melhor qualidade.

"Ele viu a necessidade de que a região precisava de atendimento para as famílias em luto. Foi por isso que ele começou a produzir caixões para poder atender. Antigamente os médicos pediam para ele ir ao hospital para medir e produzir. Naquela época não tinha caixão, então ele produzia", relatou a neta Christiane Athia, ao g1.

Tuffi Athia tem nome eternizado no Cemitério Campal de Presidente Prudente

Família Athia/Arquivo

O espírito empreendedor o levou a realizar diversos serviços: fundou o primeiro cemitério da região, uma clínica, floricultura, serviço social e até um centro de convivência para idosos. Essas iniciativas marcaram a atuação do grupo ao longo das décadas.

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Pioneiro

Mesmo com o lado empresarial, Tuffi Athia também foi primeiro delegado de polícia e primeiro agente dos Correios em Presidente Prudente. Participou da formação do primeiro time de futebol local, o Brasil Futebol Clube, e ajudou a consolidar o comércio e a infraestrutura da cidade nascente.

Além das atividades comerciais e públicas, Tuffi também teve papel participativo nos movimentos políticos da época. De acordo com registros históricos da família, ele contribuiu com o movimento da Revolução Constitucionalista de 1932, prestando apoio logístico e financeiro a soldados durante o conflito.

Para a neta, ele era mais do que um empresário bem-sucedido, era um homem curioso, solidário e extremamente presente na vida comunitária.

"[Tuffi Athia] Era extremamente empático com todos. O atendimento ao serviço funerário tem que ser muito cuidadoso, porque é um momento difícil para todas as famílias e amigos. Solidariedade e acolhimento são palavras que representam nossa empresa e no legado que ele deixou", destacou a neta.

Christiane ainda lembra que seu avô era uma figura querida e marcante na cidade: "Ele sentava na frente da funerária, mexia e brincava com todo mundo, sempre ele com o charuto na boca... Era uma pessoa extremamente interessante para conhecer".

Legado geracional

Com o passar dos anos, os filhos de Tuffi assumiram os negócios, e posteriormente os netos passaram a administrar o grupo.

De acordo com Christiane Athia, a transição aconteceu de forma natural, quando o avô já não podia mais atuar diretamente.

"Depois que meu avô saiu da empresa, os filhos assumiram, o meu pai e o meu tio. Depois de um grande tempo entraram os netos, que foi quando eu trabalhei lá. Nós netos não tivemos contato direto dentro da empresa com o meu avô, porque quando eu entrei na empresa ele já tinha falecido, mas ele deixou um legado muito grande de empreendedorismo, tinha uma visão de futuro muito interessante no lado de negócios", relatou a neta.

Mesmo aposentada, Christiane afirma que continua envolvida em projetos sociais idealizados dentro do grupo, como o Centro de Convivência da Terceira Idade, criado há quase 30 anos, que oferece gratuitamente atividades físicas, de bem-estar e integração social a segurados do plano.

O espírito empreendedor do sírio resultou em uma grande expansão de serviços, como clínica, cemitério parque, floricultura e crematório.

Ele faleceu em 21 de outubro de 1984, aos 91 anos, deixando um legado de trabalho, solidariedade e pioneirismo que continua vivo nas gerações seguintes.

Cemitério Campal Tuffi Athia

Localizado na Avenida José Campos do Amaral, no Residencial Anita Tiezzi, o Cemitério Campal Tuffi Athia ocupa uma área de 48 mil metros quadrados e tem capacidade para 50 mil sepultamentos.

Inaugurado em 2001, foi o primeiro cemitério parque da região e tornou-se municipalizado em 2013.

A homenagem foi oficializada e sancionada pelo prefeito Milton Carlos de Mello (Tupã), em ato que contou com a presença de familiares do fundador do Grupo Athia, empresa que completa 100 anos em 2026.

Para a família, ver o nome de Tuffi eternizado em um espaço criado originalmente pelo grupo é um símbolo de reconhecimento e continuidade.

"Todos nós ficamos muito emocionados com essa com essa homenagem. O meu avô nunca teve nada com o nome dele, então nós estamos extremamente felizes", finalizou Christiane.

Tuffi Athia tem nome eternizado no Cemitério Campal de Presidente Prudente

Família Athia/Arquivo

Tuffi Athia tem nome eternizado no Cemitério Campal de Presidente Prudente

Família Athia/Arquivo

Tuffi Athia tem nome eternizado no Cemitério Campal de Presidente Prudente

Família Athia/Arquivo

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