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Subprefeitura anuncia fechamento da Praça Paris às 17h no Instagram e retira publicação; responsável fala em mal-entendido


Subprefeitura anuncia fechamento da Praça Paris às 17h no Instagram e retira publicação

Moradores da Glória foram surpreendidos, nesta sexta-feira (22), por uma publicação no Instagram da SubPrefeitura do Centro e Centro Histórico do Rio informando que a Praça Paris passaria a fechar às 17h, de segunda a sexta-feira e que bandas de carnaval que ensaiam no local seriam direcionadas ao Passeio Público. Horas depois, a publicação foi retirada.

O subprefeito Alberto Szafran disse ao g1que a situação foi um mal-entendido. Ele afirmou que a publicação foi feita por funcionários do órgão que interpretaram mal suas orientações e , por isso, foi apagada.

A ideia, segundo ele é atender a reclamações de moradores incomodados com o barulho de bandas que ensaiam no espaço, mas a limitação do horário de funcionamento seria um último recurso.

"Inclusive isso não poderia ser feito dessa forma. Precisaria ser publicado no Diário Oficial", esclareceu Szafran.

Ele garantiu que a praça continuará aberta até as 22h, como de costume, e que vai dialogar com frequentadores e moradores para chegar a uma solução.

A princípio, pretende combinar com os grupos que os ensaios passem a acontecer no Passeio Público, área menos residencial "garantindo a segurança" dos coletivos.

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Integrantes do Bloconcé ensaiam na Praça Paris, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro

Marcos Serra Lima/G1

A associação de moradores do bairro se mostrou surpresa coma postagem. "Não vejo razão do fechamento, já que inúmeros moradores ocupam à Praça Paris à noite, sejam se exercitando, ou com seus pets", disse Wania Baeta, Presidente da Associação de Moradores da Gloria.

Ela disse, ainda, que entende a motivação e valoriza a importância do sossego dos moradores. Por isso, apoia a ideia de alocar os ensaios em outro espaço na região sem bloquear o acesso à praça.

Blocos de carnaval

Vários blocos de carnaval ensaiam na Praça há anos e já houve registro de reclamações de moradores sobre o barulho - e até de tiros de chumbinho disparados de prédios contra músicos e foliões, o que foi investigado pela polícia. O local tem constantes queixas de abandono, problemas na iluminação pública.

Após a publicação da subprefeitura, nas redes sociais, membros de coletivos queixaram da falta de diálogo antes de uma eventual alteração forçada do local de ensaio e observaram que a Praça, sem os blocos, fica mais deserta, aumentando a sensação de insegurança e abandono por ali.

Membro do Bloco Planta na Mente e outros coletivos, Pedro Pajé conta que recentemente foi feito um levantamento que indica que cerca de 20 blocos ensaiam ou se reúnem na praça, de diferentes tamanhos, em diferentes dias. Ele conta que os grupos também se surpreenderam com o vídeo.

"Principalmente pela falta de diálogo com essas pessoas que usam a praça. Afinal, não são só os moradores que precisam ser ouvidos. A gente entende que essa praça é um espaço público, se o espaço é público ele precisa ser conveniado ao uso de todos", opina.

Pajé também observou que o Passeio Público e a própria Praça Paris têm questões de abandono à noite, com problemas de iluminação, entre outros.

A presença dos grupos na Praça Paris tem entre moradores defensores e críticos.

Rafaella Gazzaneo, de 29 anos frequenta o espaço com sua cachorrinha, na parte da noite, depois do trabalho e não se sente prejudicada pelos ensaios.

"Ela não se adaptou muito bem ao Parcão da Glória, a convivência com outros cães deixa ela um pouco insegura e estressada e a praça acaba sendo um refúgio pra gente por ser um espaço bem amplo, proporciona uma vida mais saudável onde ela consegue correr e gastar energia", disse Gazzeano que mora na Rua Hermenegildo de Barros há seis anos.

Monique Freitas, de 39 anos, moradora da Avenida Augusto Severo, que fica de frente para a praça, conta que seu descanso é prejudicado pelos músicos.

"Eu percebo que as bandas reclamam por direito à cidade e a cultura e tudo bem. São direitos e devem ser preservados e vividos. No entanto, percebo que o direito ao sossego, ao descanso, à saúde mental das pessoas que moram aqui estão cada vez mais invisibilizados e sufocados", disse Monique.

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