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Tenório Jr. foi morto com 5 tiros, aponta laudo feito na Argentina e enviado à família do pianista desaparecido há quase 50 anos


Laudo confirma que pianista Tenório Jr. foi morto com cinco tiros durante ditadura argentina

Arquivo pessoal

A família do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, conhecido como Tenório Jr., recebeu nesta semana o laudo oficial que aponta a causa da morte do músico. Segundo o documento, ele foi executado com cinco tiros.

O laudo foi enviado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, junto com uma cópia do inquérito policial argentino que reconhece a identidade do corpo enterrado como indigente em 1976. O documento mostra um tiro na cabeça, dois no braço esquerdo e três no tronco do músico.

Tenório Jr: quem foi o pianista, parceiro de Vinicius de Moraes, sumido na ditadura argentina e identificado morto 50 anos depois

A confirmação da identidade de Tenório Jr. ocorreu neste ano, após quase cinco décadas de buscas.

A Justiça argentina, em parceria com a Equipe Argentina de Antropologia Forense, realizou exames de impressões digitais que comprovaram que o corpo encontrado em Don Torquato, nos arredores de Buenos Aires, dois dias após o desaparecimento, era do pianista brasileiro.

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Quem foi Tenório Jr.

Francisco Tenório Cerqueira Júnior nasceu no Rio de Janeiro em 4 de julho de 1940, no bairro das Laranjeiras. Aos 15 anos, iniciou sua formação musical com acordeão e violão, até se dedicar ao piano — instrumento que o consagraria como um dos maiores nomes do samba-jazz e da bossa nova.

Corpo de pianista brasileiro Francisco Tenorio Cerqueira Júnior morto pela ditadura argentina é identificado

Reprodução

Na década de 1970, tornou-se figura central no Beco das Garrafas, reduto da música instrumental brasileira em Copacabana. Com estilo sofisticado e domínio técnico, Tenório Jr. participou de festivais, turnês e gravações históricas, deixando sua marca em álbuns antológicos.

Tenório Jr. colaborou com grandes nomes da música brasileira, como Vinicius de Moraes, Toquinho, Wanda Sá, Leny Andrade e Edson Machado. Era conhecido por sua habilidade como acompanhante em shows e gravações, contribuindo para a consolidação da bossa nova e do samba-jazz.

Em março de 1976, o pianista embarcou em uma turnê pela Argentina e Uruguai ao lado de Vinicius de Moraes, Toquinho, Mutinho e Azeitona. Após uma apresentação no Teatro Gran Rex, em Buenos Aires, saiu do hotel Normandie e nunca mais voltou.

Desaparecimento

Segundo investigações, Tenório Jr. foi confundido com um militante político e detido por agentes do serviço secreto da Marinha argentina. Ele teria sido levado para a Escola de Mecânica da Armada (ESMA), centro clandestino de detenção e tortura, onde foi mantido por nove dias antes de ser executado.

Argentina identifica restos de pianista brasileiro Tenório Jr.

Seu corpo foi encontrado em 20 de março de 1976 em um terreno baldio e enterrado como indigente no Cemitério de Benavídez. Na época, o desaparecimento teve pouca repercussão no Brasil, devido à censura imposta pela ditadura militar.

Identificação e laudo

Depois de 50 anos, Argentina identifica corpo de pianista morto em Buenos Aires

Em 2025, exames de impressões digitais realizados pela Equipe Argentina de Antropologia Forense confirmaram a identidade do corpo. A Embaixada do Brasil em Buenos Aires reconheceu oficialmente a descoberta e agradeceu às autoridades argentinas pelo trabalho de busca por memória, verdade e justiça.

O laudo recebido pela família nesta semana revela que Tenório Jr. foi morto com cinco disparos. A documentação oficial encerra décadas de incerteza sobre o destino do músico, que deixou esposa e filhos, incluindo um bebê de três meses à época do desaparecimento.

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