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Trama golpista: ex-diretor do MJ diz que Torres queria nova operação para 2º turno e que PRF tentou aumentar verbas sem justificativas


O ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça durante a gestão Bolsonaro Fernando de Sousa Oliveira afirmou nesta quinta-feira (24) que o então ministro Anderson Torres mudou de comportamento antes do 2º turno das eleições de 2022 e tentou criar uma nova operação para reforçar o policiamento do pleito.

Segundo Oliveira, que é delegado da Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), fez pedidos de aumentos de verbas para aumentar efetivos no 2º turno, mesmo com indícios de crimes eleitorais fora de suas competências.

STF interroga 13 réus acusados de integrar a trama golpista nesta quinta-feira (24)

O delegado foi interrogado nesta quinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dentro da ação penal que apura uma tentativa de golpe pela gestão Bolsonaro em 2022. Ele pertence ao “núcleo 2” das apurações.

“Logo no começo, o Dr. Anderson me pediu uma operação, a viabilidade de uma operação integrada da PF com a PRF. Essa operação tinha um nome próprio chamado “crime eleitoral zero”. Foi o primeiro posicionamento contrário a esse pedido do ministro. O ministro estava insatisfeito com a atuação da PF e me pediu essa operação. Foi logo após o 1º Turno”.

O delegado disse que não haveria viabilidade técnica para implementar a operação, porque já havia uma operação integrada entre PF e PRF para o 2º turno das eleições.

“Fiz essa explanação para o ministro dizendo que não haveria viabilidade técnica para uma operação conjunta para o segundo turno, uma vez que já existia a operação “eleições 2022” com a mesma pauta, mesmo tema e as mesmas forças policiais. Entao nao haveria viabilidade técnica para se criar uma operação;

Foi meu primeiro desalinhamento com o ministro Anderson Torres”.

Anderson Torres durante segundo dia de interrogatórios no núcleo crucial da trama golpista na Primeira Turma do STF

Evaristo Sá/AFP

Pedido de verbas

O ex-diretor do MJ afirmou que a PRF encaminhou alguns ofícios à pasta pedindo incremento de verbas, mesmo sem necessidade de aumento do efetivo.

Entre eles, Oliveira afirmou que sugeriu a negativa de pedidos da ordem de R$ 1 milhão e de R$ 3 milhões.

“No meu entender como assessor técnico não tinha necessidade de aumento de efetivo, desse empenho pedido pelo ministro, porque todos os indícios de inteligência que eu recebia, os indícios de crimes eleitorais, eram em centros urbanos, cidades, capitais, não havia atribuição da PRF relacionados a esses indícios”, afirmou.

“No meu entender, não havia nenhum indício que levasse ao aumento de efetivo. Na minha opinião como assessor técnico. Por isso fiz esse ofício dizendo que não havia Não havia necessidade de implementação de recursos”, disse o delegado.

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