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UFMT sedia evento que discute o cenário dos povos indígenas isolados em MT


Desmatamento avança nas terras dos indígenas isolados Piripkura

O seminário “Futuro dos Povos Indígenas Isolados” teve início nesta segunda-feira (3) e vai até quarta-feira (5) no Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR/UFMT). O evento tem como objetivo discutir políticas públicas e alternativas que envolvem os povos originários em isolamento dentro da "crise socioambiental sistêmica”.

A programação é composta por palestras de especialistas indígenas e não indígenas que acontecem no período da manhã e tarde. Além da programação presencial, é possível acompanhar online pelo canal do seminário no You Tube.

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O evento é organizado pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) e o Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos da UFMT (NERU).

Confira a programação:

1º Dia (03/11)

2º Dia (04/11)

3º Dia (05/11)

Quem são os povos originários isolados

Em Mato Grosso, foi confirmada a presença de dois povos indígenas isolados: os Kawahiva do Rio Pardo e Piripkura. Ambos possuem as terras localizadas em Colniza, a cerca de 1.065 km de Cuiabá. Os dois grupos, de origem Tupi-Kawahiva, vivem sob constante ameaça e vivem acuados em seu próprio território diante do avanço de madeireiros e da grilagem de terras para a criação de gado.

Terras Indígenas Kawahiva do Rio Pardo

Cerca de 13,7 mil hectares foram desmatados da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, na Terra Indígena Kawahiva em 2023. Segundo um levantamento divulgado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a área foi invadida, pela primeira vez, em 2008 e, desde então, intrusos permanecem no local explorando madeira de forma ilegal.

Em 2018, a Terra os invasores não apenas entraram como construíram casas no local. Eles se retiraram depois de serem notificados por órgãos federais do Estado. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que as operações na região são constantes, com monitoramento por imagens de satélite, apreensão de máquinas e embargo de áreas, e já resultaram na aplicação de R$ 152,4 milhões em multas por crimes ambientais.

A área foi declarada de posse permanente do povo Kawahiva, que vive isolado na região, no dia 20 de abril de 2016, pelo Ministério da Justiça. Mesmo assim, a terra continua sendo invadida.

Base permanente da Funai na Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, em Colniza

Vinícius Mendonça/Ibama

Piripkura

A Terra Indígena Piripkura foi a mais desmatada em 2020 dentre os territórios com presença de povos indígenas isolados monitorados pelo Instituto Socioambiental (ISA). Segundo o instituto, foram 962 hectares desmatados, sendo 95% concentrados apenas entre agosto e dezembro de 2021.

Acompanhamento por imagens de satélite mostram avanço do desmatamento na TI Piripkura

Reprodução

O local é habitado unicamente por Tamandua e Baita, dois indígenas da etnia Piripkura em isolamento voluntário e que sobreviveram a sucessivos massacres contra seu povo nas décadas passadas. O acesso à terra, é proibido.

Eles são supostamente os dois últimos membros da etnia Piripkura, considerada em extinção. Eles sobreviveram a um massacre de madeireiros na década de 1980. Segundo relatos de Jair Candor no documentário “Piripkura”, ambos escaparam de uma emboscada e se esconderam, enquanto os madeireiros matavam todos seus parentes.

Tamandua e Baita, sobreviventes do povo Piripkura, em cena do documentário "Piripkura"

Bruno Jorge/Instituto Socioambiental (ISA)

O território é definido por uma portaria de restrição de uso, renovada por períodos.

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