Vídeo mostra funcionárias de hotelzinho acordando crianças com gritos e jatos d'água
Após o vídeo em que funcionárias acordam crianças de um hotelzinho com gritos e jatos líquidos em Linhares, no Norte do Espírito Santo, viralizar nas redes sociais, diversas mães publicaram relatos sobre o trauma vivenciado pelos filhos. O local atende crianças de 6meses a 6 anos. Uma mãe, que preferiu não se identificar, disse que a filha apareceu no vídeo e foi acordada pela funcionária com um jato líquido nos olhos.
"Eu percebi e já sabia da situação antes de ter contato com o vídeo. Percebi que o olho estava inchado depois que peguei ela no hotelzinho. Ela falou de forma clara: 'Mamãe, meus olhos estão inchados e vermelhos porque a tia acordou a gente com perfume nos meus olhos, ardeu muito e por isso eu chorei'. Eu meio que estranhei a situação, não acreditando que talvez seria uma coisa por querer, talvez um acidente. Eu ia entrar em contato com a proprietária. Mas minutos depois eu vi o vídeo circulando, identifiquei minha filha e até agora não consegui ver o vídeo até o final", destacou a mãe.
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A Polícia Civil investiga se as funcionárias cometeram maus-tratos com as crianças. O Conselho Tutelar e o Ministério Público também acompanham o caso.
As duas funcionárias foram demitidas e serão ouvidas na delegacia. O g1 não conseguiu contato com as funcionárias e nem com a defesa delas.
Funcionárias de hotelzinho no ES acordam crianças com gritos e jatos d'água
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A proprietária do estabelecimento disse que não sabia do ocorrido e não compactua com esse tipo de postura. O local segue com as atividades suspensas.
Surpresa para os pais
A Prefeitura Municipal de Linhares disse que equipes de fiscalização estiveram no local na manhã desta quinta-feira (4) e constataram que o estabelecimento não possuía alvará sanitário para funcionamento.
Nas imagens feitas dentro de uma sala do hotel, que atende crianças de seis meses a seis anos, é possível ver que várias crianças deitadas no chão com cobertores choram com a ação das funcionárias. Em outro trecho do vídeo, uma mulher borrifa um líquido no rosto de um menino.
Crianças são acordadas com jatos d'água no rosto em hotelzinho de Linhares, Espírito Santo
Reprodução/Redes sociais
Outra mãe postou nas redes sociais que a filha também apareceu no vídeo e que suspeita que o líquido jogada estava com algum componente que irritou os olhos da menina.
"Meus filhos ficavam lá! Nunca tivemos relato nem reclamação alguma sobre algo que pudesse estar acontecendo! Mas ontem, quando perguntei pra minha filha como a tia acordava ela no hotelzinho, ela respondeu: joga água no meu rosto. Isso me matou por dentro. Inclusive ela é quem aparece no final do vídeo levando um tapa para acordar, sem comentar que os olhos chegaram completamente irritados com a suspeita de ter algo junto ao líquido que pudesse ter causado a irritação na pele das pálpebras. Lamentável para nós que precisamos estar fora para trabalhar. Só Deus para nos dar segurança novamente porque não está sendo nada fácil", publicou.
Defesa da diretora
O advogado da proprietária do hotelzinho, Junior Mendonça, destacou que a dona não teve nenhum tipo de participação e também foi vítima da situação.
"Ela não sabia do ocorrido e só ficou sabendo a partir de uma mãe. Nós fomos até a delegacia, ela já prestou depoimento. Também fomos até o Ministério Público e nos colocamos a disposição. As duas foram desligadas imediatamente da empresa. Uma funcionária trabalha há 2 anos e outra há 1 ano", informou o advogado.
O delegado responsável pela Delegacia de Linhares, Fabrício Lucindo, explicou que vai analisar a conduta das funcionárias, que já foram identificadas.
"Essas imagens serão avaliadas pela Polícia Civil. A princípio, nos parece que é um caso de maus-tratos, mas a polícia vai investigar para saber o que aconteceu e o que estava acontecendo nesse hotelzinho nesses últimos tempos. Vamos avaliar todas as condutas para saber se existem outros crimes que podem ter acontecido ali também", pontuou o delegado.
Além disso, Lucindo destacou que todas as crianças vão passar por exames periciais e os familiares serão chamados para prestarem depoimento.
Hotelzinho fechado
Hotelzinho passou por fiscalização da vigilância sanitária e do conselho tutelar de Linhares, no Espírito Santo, após denúncia de maus-tratos
Reprodução/TV Gazeta
O advogado da diretora pontuou ainda que o local possui autorização para funcionar como creche, mas atua sem caráter educacional e recebe crianças de seis meses a seis anos.
O hotelzinho tem capacidade para atender de 10 a 12 crianças em dois turnos, matutino e vespertino. O estabelecimento funciona com a proprietária e mais cinco colaboradores, duas pessoas de manhã e três a tarde.
Sobre não ter alvará sanitário para funcionamento, o advogado informou que quando a empresa foi montada em 2019, era considerado um negócio de baixo risco e não precisaria desse tipo de alvará, Mas depois da pandemia, o tipo de instituição mudou e a proprietária não foi informada de que precisaria do alvará.
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