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Antissemitismo e antissionismo: entenda o que são e a diferença entre os dois termos


O assassinato de dois funcionários da embaixada de Israel em Washington fez líderes ao redor do mundo condenarem o antissemitismo. O governo dos EUA classificou o ataque como um ato antissemita. O risco do antissemitismo

O assassinato de dois funcionários da embaixada de Israel em Washington fez líderes ao redor do mundo condenarem o antissemitismo. O governo dos EUA classificou o ataque no Museu Judaico de Washington como um ato antissemita.

Mas o que é ser antissemita? E o que é ser antissionista? Estes conceitos foram claramente explicados por Michel Gherman em conversa com Natuza Nery no podcast O Assunto desta sexta-feira (22).

Professor do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ e pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém, Gherman explica também quando o antissionismo vira antissemitismo.

Antissemitismo: o que é

Gherman explica que o conceito surge no século XIX. Por essa perspectiva, os judeus eram pessoas que viviam na Europa, mas não pertencem ao continente. Portanto, esses grupos usam o conceito de raça para denunciar a população judaica. Para esses grupos, os judeus devem ser percebidos como inimigos. Ouça a partir do minuto 8:15.

Ele fala ainda que o antissemitismo moderno pode ser classificado a partir de 3 elementos principais:

Judeus como pertencentes a uma corporação: eles nunca são vistos como elementos individuais, mas sim como pertencentes a um coletivo. São vistos, portanto, como membros de uma corporação. Na perspectiva antissemita, eles operam sob ordens de alguma organização;

A ideia de conspiracionismo: na perspectiva antissemita, os judeus têm uma força exacerbada. Por essa ideia, os judeus dominam a economia e a política nacional. Ainda de acordo com essa ideia, judeus fazem parte de uma conspiração internacional de controle do mundo;

Judeus como degeneradores: a ideia de que os judeus existem para degenerar os lugares onde eles estão. Nessa perspectiva antissemita, os judeus são elementos daninhos à sociedade.

Gherman afirma que uma diferença fundamental para entender o antissemitismo moderno é que ele sempre percebe os judeus como elementos fortes, detentores de poder, e não fracos.

Antissionismo: o que é

Para entender o que é o antissionismo, antes é preciso entender o que é o sionismo.

O sionismo nasce no século XIX como um movimento nacional judaico. A intenção era resolver o que se chamava de “questão judaica” no mundo, principalmente na Europa. Uma das soluções seria a criação de um estado judeu.

Gherman pontua que o sionismo, como todo movimento nacional, é múltiplo. Portanto, ele explica que é possível ser sionista e, mesmo assim, defender a criação de um estado palestino. Ou de um estado binacional, árabe e judaico. Ou ainda um estado judaico com a expulsão de palestinos da região.

O antissionismo, portanto, é definido como a oposição de setores que percebem a criação do Estado judeu na Palestina como um problema. Estão presentes no antissionismo as seguintes ideias:

percepção de que a criação do Estado judeu na Palestina produz efeitos negativos à população da região;

considerar que a criação do Estado judeu na Palestina irá excluir os cidadãos não judeus daquele território;

ter a perspectiva de que estados étnicos não podem existir em correspondência com a democracia, pois se um estado é étnico, ele não pode ser democrático;

preocupar-se com os direitos da população palestina.

O professor explica ainda que existem várias possibilidades de antissionismo. Algumas delas são antissemitas, outras não.

E quando o antissionismo vira antissemitismo?

Gherman explica:

"O antissionismo vira antissemitismo quando ele percebe o povo judeu não como membro da história, mas como membro de uma conspiração internacional que é mais forte do que a história."

Ouça a íntegra da entrevista aqui.

Polícia trabalha no local depois que dois funcionários da embaixada de Israel em Washington foram baleados e mortos

Rod Lamkey, Jr./AP

O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 161 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 12,4 milhões de visualizações.

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