G1

Após morte de menino de seis anos, escola particular de Jundiaí deverá prestar esclarecimentos sobre casos de meningite


Segundo a Prefeitura de Jundiaí, Várzea Paulista não informou que a menina estudava em uma escola do município vizinho, o que teria causado atraso na administração dos medicamentos preventivos aos alunos que possivelmente tiveram contato com a paciente. Escola de Jundiaí será notificada por não informar caso de meningite à prefeitura

A escola particular onde estuda a menina de seis anos diagnosticada com meningite bacteriana em Jundiaí (SP) deverá prestar esclarecimentos à prefeitura da cidade. A administração municipal afirma que a instituição não comunicou oficialmente o diagnóstico da doença às autoridades de saúde.

📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp

A criança frequenta a mesma escola do irmão do menino de seis anos que morreu no último domingo (1º) com suspeita de meningite.

Segundo Flávia Cereser, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Jundiaí, o pai da menina informou à direção da escola sobre o diagnóstico no dia 27 de maio, logo após ela ter sido atendida no Hospital Pitangueiras. No entanto, de acordo com a prefeitura, a unidade escolar não notificou os órgãos sanitários.

"As informações que temos, de ambas as partes, indicam que a escola tinha conhecimento do caso de meningite. Vamos responsabilizar a instituição administrativa e sanitariamente pela omissão em comunicar o primeiro caso às autoridades de saúde", afirmou Flávia.

Em nota, o Sesi de Jundiaí, localizado no bairro Tarumã, alegou que não foi notificado por meio dos canais oficiais da secretaria escolar, conforme determina o regimento da unidade, sobre qualquer caso suspeito de meningite até a segunda-feira (2), em uma das turmas do 1º ano do ensino fundamental.

"O atestado médico da aluna, moradora de Várzea Paulista, informando o diagnóstico de meningite, foi entregue em mãos e teve o recebimento certificado. Conforme as ‘Diretrizes para Enfrentamento das Meningites até 2030’, do Ministério da Saúde, a notificação da doença é compulsória e deve ser feita em até 24 horas por médicos e profissionais de saúde aos órgãos municipais e estaduais. Mesmo assim, por iniciativa própria, a direção do Sesi Jundiaí procurou a Vigilância Epidemiológica do município após a morte de um aluno do 1º ano com suspeita da doença", diz o comunicado.

O pai da menina, no entanto, afirma que informou o Sesi, por ligação, do diagnóstico da filha no dia 27 de maio.

Dois casos

Conforme apuração da TV TEM, a criança esteve pela última vez na escola no dia 23 de maio. Três dias depois, em 26 de maio, ela foi atendida no Hospital Pitangueiras, em Jundiaí, onde recebeu o diagnóstico de meningite bacteriana.

No dia seguinte, 27 de maio, o hospital notificou a Vigilância Epidemiológica de Jundiaí, que comunicou o caso à Vigilância Epidemiológica de Várzea Paulista, cidade onde a menina mora. O órgão municipal de Várzea Paulista realizou a profilaxia com medicamentos nos familiares da criança.

Conforme a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Jundiaí, Várzea Paulista também não informou que a menina estudava em uma escola de Jundiaí, o que teria causado atraso na administração dos medicamentos preventivos aos alunos que possivelmente tiveram contato com a paciente.

"A gente encaminhou essa notificação para a vigilância de Várzea Paulista para que tomasse as medidas de investigação deste caso, porque cabe ao município fazer essa investigação epidemiológica. Em nenhum momento eles comunicaram a Vigilância Epidemiológica do município de Jundiaí que se tratava de uma criança que estudava em unidade escolar deste município".

Na manhã de segunda-feira (2), a Prefeitura de Jundiaí foi informada pelo hospital sobre a morte do menino por suspeita de meningite.

"Ao iniciar a investigação deste caso, a gente descobriu que essa criança, além de residir em Jundiaí, ela estudava em uma unidade escolar que é a mesma unidade escolar deste primeiro caso, da menina de Várzea Paulista", afirma.

"O ideal é fazer o bloqueio nas primeiras 48 horas. Nós recebemos a notificação do segundo caso na segunda-feira de manhã, e na terça-feira de manhã a gente iniciou a quimioprofilaxia", completa.

Meningite: o que é, como ocorre a transmissão e o que fazer para se proteger

Conforme a diretora, o processo de quimioprofilaxia, também conhecido como bloqueio, é recomendado pelo Ministério da Saúde a fim de evitar que a doença seja transmitida.

"Esse bloqueio a gente chama tecnicamente de quimioprofilaxia, ela é feita em todos os comunicantes, familiares e extra-familiares, que tiveram contato íntimo e prologado. A gente considera os contatos familiares, que residem na mesma casa, passa bastante tempo junto, e escolar também, porque está dentro de uma sala por quatro horas seguidas ou até mais tempo juntos. Essa quimioprofilaxia se trata de uma medicação que tem duas grandes linhas de atuação, evitar que a pessoa adoeça e também eliminar das vias aéreas as bactérias para evitar a via de transmissão", explica Flávia.

Neisseria meningitidis, a bactéria que causa a meningite meningocócica.

Wikimedia

Morte de criança

O menino de seis anos, que morreu no domingo (1°) por suspeita de meningite era aluno do Sesi Jundiaí, que fica no bairro Tarumã.

Em nota, a escola disse que recebeu a confirmação da morte do aluno do primeiro ano por suspeita de meningite.

"Imediatamente, todas as providências foram tomadas, com notificação à Vigilância Epidemiológica do município de Jundiaí. Segundo a orientação recebida, não há necessidade de quarentena, nem a suspensão das atividades escolares. Portanto, as aulas seguem normalmente. Por prevenção e segurança de todos, a escola está seguindo os protocolos de higienização de assentos, mesas e objetos indicados pela Vigilância Epidemiológica", pontuou a escola.

A UGPS também informou que um morador de Várzea Paulista, diagnosticado com a doença, estuda na mesma escola que a criança de seis anos.

Pessoas próximas à vítima, desde familiares e amigos, estão sendo assistidos pela vigilância sanitária. Além disso, também são realizadas ações de prevenção e verificação das carteiras de vacinação destas pessoas.

À TV TEM, a família do menino afirma que ele morreu por meningite bacteriana meningocócica. Ele foi levado para o hospital na madrugada de sábado (31) e morreu no domingo à tarde. O irmão gêmeo dele também precisou de atendimento médico nesta segunda-feira após apresentar dor nas pernas e vômitos, mas foi liberado.

O corpo da criança foi velado e sepultado na manhã desta segunda-feira (2) no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Desterro.

Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí

VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

Anunciantes

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.