Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o 'careca do INSS', e o empresário Maurício Camisotti foram presos pela Polícia Federal nessa sexta-feira (12).
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O relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou nesta sexta-feira (12) que a comissão manterá o cronograma de depoimentos para ouvir na próxima semana Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o "Careca do INSS", e o empresário Maurício Camisotti.
Antunes e Camisotti foram presos nesta sexta, em nova fase da operação da Polícia Federal que investiga um esquema de desvios em aposentadorias e pensões da Previdência. Os mandados foram autorizados pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O relator da CPI afirmou que, diante das prisões, a Advocacia do Senado pedirá autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Camisotti e Antunes possam ir à comissão na próxima semana.
Antes da operação, o cronograma do colegiado já previa as oitivas do "Careca do INSS" na próxima segunda (15) e de Camisotti na próxima quinta (18). Os dois foram convocados a depor pela CPI.
No início deste mês, eles também se tornaram alvo de pedidos de prisão preventiva aprovados pelo colegiado e encaminhados ao STF.
🔎 Interlocutores da PF afirmam, contudo, que as prisões desta sexta foram motivadas por solicitações da própria corporação e não estão relacionados com a CPMI do INSS.
"O cronograma está mantido. Careca e Camisotti. Já está sendo providenciado esse pedido [ao STF]. A Advocacia do Senado está preparando esse requerimento por determinação do presidente Carlos Viana", afirmou Alfredo Gaspar ao g1.
Em um vídeo divulgado à imprensa, o presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), confirmou o pedido ao Supremo e disse que os presos têm "muitas explicações a nos dar".
"Já pedi ao ministro André Mendonça, já pedi à Advocacia do Senado um requerimento para que os dois presos sejam conduzidos à CPMI na próxima segunda e na próxima quinta. Eles têm muitas explicações a nos dar", afirmou Viana.
PF prende "careca do INSS" por fraudes em aposentadorias
A cúpula da CPI mista do INSS comemorou a operação da PF desta sexta. Gaspar e Viana classificaram as prisões de Camisotti e Antunes como uma "vitória" do colegiado, que já havia pedido a prisão preventiva deles.
Segundo Carlos Viana, a dupla estava "dilapidando patrimônio, escondendo dinheiro roubado da Previdência". "O STF aceitou nosso pedido e colocou na cadeia o 'Careca do INSS' e Camisotti", afirmou.
Após a operação, a CPI também discute a possibilidade de convocar o advogado Nelson Wilians, outro alvo da PF nesta sexta. O colegiado já tem quatro requerimentos a respeito disso — um deles foi apresentado pelo próprio relator.
O "Careca do INSS" é apontado pelas investigações como facilitador do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas. Segundo a Polícia Federal, empresas ligadas a ele teriam operado como intermediárias financeiras das associações investigadas na fraude.
Já o empresário Maurício Camisotti é considerado como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência.
A PF afirma que as empresas de Antunes recebiam dinheiro das entidades e, depois, repassavam os valores a pessoas ligadas às associações ou a servidores do INSS.
De acordo com a Polícia Federal, o "Careca do INSS" recebeu R$ 53 milhões de associações de aposentados e pensionistas. A investigação rastreou transferências de mais de R$ 9 milhões para pessoas ligadas ao INSS.
Quebra de sigilo
Além dos pedidos de prisão preventiva, a CPI do INSS aprovou na quinta (11) as quebras dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Antônio Carlos Camilo Antunes e de Maurício Camisotti.
No mesmo dia, a comissão quebrou os sigilos fiscal e bancário de entidades investigadas pelas fraudes no INSS. A CPI também mirou outros nomes mencionados nas investigações como:
Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS e afastado do comando da autarquia após a operação da Polícia Federal que revelou o esquema de desvios em aposentadorias e pensões;
Danilo Trento, que teria atuado junto ao ex-procurador-geral do INSS Virgílio de Oliveira Filho na fraude.