
Careca do INSS se nega a responder perguntas do relator da CPI
O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", negou nesta quinta-feira (25) que suas empresas tenham ligação com descontos irregulares em aposentadorias e pensões.
Em depoimento à CPI do INSS, Antunes afirmou que uma de suas empresas prestou serviços a associações investigadas pelas fraudes na Previdência, mas rejeitou qualquer responsabilidade por descontos indevidos.
Preso pela Polícia Federal no último dia 12, Antunes é apontado como um facilitador do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas.
Os investigadores afirmam que empresas ligadas aa ele operaram como intermediárias financeiras de associações investigadas na fraude.
"Minha empresa sempre prestou serviço a associações, tendo como destinatário final o aposentado associado, mas sem ter qualquer ingerência ou responsabilidade sobre descontos incidentes em seus benefícios previdenciários", disse o empresário.
O "Careca do INSS" sustentou que os descontos eram "realizados diretamente pelas associações".
"A responsabilidade a ser apurada recai sobre as associações que eventualmente promoveram a inclusão dessas pessoas em seus quadros associativos e sem a devida anuência. Jamais sobre a minha empresa, que se limitava à prestação de serviços contratados por tais entidades", declarou.
O empresário afirmou que nunca foi "responsável pelo recrutamento de associados" e que nunca exerceu "qualquer ingerência sobre inserção de dados no sistema do INSS".
Segundo ele, há provas de que sua empresa prestou serviços a aposentados e pensionistas que se associaram a entidades parceiras.
🔎Ele mencionou que apresentará material que indica que houve, por exemplo, emissão de apólices de seguros, clube de benefícios e plataforma de cursos.
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Investigação da PF
Investigações da Polícia Federal apontam que associações e entidades desviaram dinheiro de beneficiários da Previdência a partir de cobranças mensais não autorizadas — os chamados descontos associativos.
De acordo com a PF, as entidades não tinham capacidade operacional para atender e oferecer recursos aos beneficiários prejudicados pelos descontos. Cadastros forjados também foram utilizados para validar os descontos.
O "Careca do INSS" afirmou que as acusações apresentadas contra ele têm o "intuito" difamá-lo e de "deturpar a realidade dos fatos".
"Toda minha prosperidade é fruto de trabalho honesto e dedicado. Nunca possui patrimônio oriundo de roubo ou de qualquer prática ilícita. Tampouco ocultei bens no Brasil ou no exterior", disse.
Advogado do 'careca do INSS' e parlamentares discutem durante sessão da CPI
Empresário se nega a responder relator, e sessão é suspensa
Antônio Carlos Camilo Antunes se recusou a responder perguntas formuladas pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Antunes permaneceu em silêncio ao longo de todas as intervenções feitas por Gaspar.
O empresário afirmou que, em depoimentos anteriores colhidos pela CPI, o relator "já condenou e me julgou sem me ouvir".
Alfredo Gaspar iniciou a fase de perguntas com uma provação a Antunes, afirmando que a comissão estava "diante do autor do maior roubo aos aposentados".
A fala de Gaspar levou a uma reação do advogado do "Careca do INSS", Cleber Lopes, que foi rebatido pelo deputado Zé Trovão (PL-SC).
➡️ Os ânimos ficaram exaltados, e o vice-presidente da CPI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), precisou suspender por alguns minutos a sessão (veja vídeo acima).
O depoimento do "Careca do INSS" era o mais aguardado pelos membros da CPI. Ele foi um dos primeiros convocados a depor pelo colegiado.
Ao abrir a oitiva, Antônio Carlos Camilo Antunes afirmou que o "Careca do INSS" era um personagem, que não refletia quem ele era.
No depoimento desta quinta, Antunes terá o direito a ficar em silêncio e não responder perguntas para evitar autoincriminação.
'Careca do INSS' chega ao Senado para depoimento na CPI
Prisão do 'Careca do INSS'
O "Careca do INSS" foi preso preventivamente, no último dia 12, por ordem de Mendonça. Além dele, a PF também prendeu o empresário Maurício Camisotti e cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao advogado Nelson Wilians.
Segundo a PF, empresas de Antunes recebiam dinheiro das entidades e, depois, repassavam os valores a pessoas ligadas às associações ou a servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A polícia aponta que o "Careca do INSS" recebeu R$ 53 milhões de associações de aposentados e pensionistas. A investigação rastreou transferências de mais de R$ 9 milhões para pessoas ligadas ao INSS.
"A investigação identificou que Antônio Camilo é um dos principais mentores das fraudes, junto com Maurício Camisotti, ambos com influência política e capacidade de movimentações financeiras vultosas, fato que acentua a gravidade e reprovabilidade jurídica de sua atuação, possibilitando facilmente sua continuidade criminosa em prejuízo da sociedade", escreveu a PF em relatório ao STF.
Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o 'careca do INSS' foi preso pela Polícia Federal.
Reprodução/Linkedin
Ao pedir a prisão preventiva do "Careca do INSS", a Polícia Federal afirmou ter recebido informações de que Antunes estaria dilapidando patrimônio, em uma tentativa de ocultar valores oriundos da fraude, e de que ele poderia deixar o Brasil.
A PF também afirmou ter colhido depoimento de uma testemunha que "narrou ameaças de morte perpetradas contra si por Antônio Camilo".
Em depoimento à CPI nesta quinta, Antunes afirmou que nunca tentou atrapalhar as investigações da PF e que a sua prisão preventiva foi decretada por André Mendonça com base em "informações mentirosas", que, segundo ele, teriam sido apresentadas por um desafeto comercial.
"Isso significa que as premissas que fundamentaram a minha prisão preventiva chegaram ao conhecimento do ministro André Mendonça de forma absolutamente equivocada e baseada em informações mentirosas", disse.

