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Cidade no Pará usa IA para criar vídeo de festa junina e gera controvérsia


Apesar da inovação tecnológica, a ausência de um aviso claro de que o vídeo foi inteiramente gerado por inteligência artificial causou desconforto entre internautas. Vídeo feito por IA

Prefeitura de Ulianópolis/Rede social

O vídeo parece real, mas não é. A Prefeitura de Ulianópolis, município com cerca de 40 mil habitantes no sudeste do Pará, virou assunto nas redes sociais após divulgar um vídeo promocional da programação junina feito com o uso de inteligência artificial (IA). O conteúdo, criado pelo produtor Renato Lopes Ferreira, impressionou pela qualidade, mas dividiu opiniões.

A publicação foi feita nas redes oficiais da prefeitura como parte da campanha de divulgação dos festejos de junho, um dos períodos mais tradicionais da cultura popular brasileira. A estética do vídeo chamou a atenção: imagens em alta definição, cores vivas, cenários campestres e pessoas celebrando com roupas típicas — tudo gerado digitalmente por IA.

Críticas e debate sobre identidade cultural

Apesar da inovação tecnológica, a ausência de um aviso claro de que o vídeo foi inteiramente gerado por inteligência artificial causou desconforto entre internautas. Muitos apontaram que o conteúdo carecia de representatividade local e não refletia a realidade da população de Ulianópolis.

“Por que não contratam pessoas da cidade pra fazer esse tipo de publicidade? Acho que isso aí não gerou conexão com o povo, não.”, comentou um usuário no Instagram.

“Poderiam ter usado artistas e cenários reais da cidade. Assim gerariam renda e autenticidade”, escreveu outro.

A principal crítica recai sobre a falta de uma marcação que indicasse que o material havia sido produzido com IA — algo considerado essencial por especialistas em comunicação digital e ética no uso de novas tecnologias.

"Esse vídeo foi gerado por inteligência artificial!!! Vocês tem a obrigação de colocar um aviso, hein!", comentou um usuário no Instagram.

Comentários nas redes sociais ilustram a polêmica gerada pelo vídeo criado por IA

Reprodução/Rede social

Economia ou apagamento?

Em defesa da peça, outros usuários destacaram o aspecto prático e econômico da produção. Sem necessidade de contratar atores, câmeras, equipe de iluminação e edição, o vídeo teria um custo significativamente menor do que uma produção tradicional.

“Se foi mais barato e ainda divulga a festa, não vejo problema”, argumentou um morador da cidade em uma rede social.

Apesar da controvérsia, o vídeo segue no ar, sem edições ou sinalizações adicionais. Até o momento, a Prefeitura de Ulianópolis não emitiu nota oficial sobre a repercussão.

Uso de IA e representatividade

O caso de Ulianópolis levanta um debate cada vez mais presente: qual o limite do uso da inteligência artificial em produções culturais e institucionais? Em tempos de avanços rápidos da tecnologia, questões como transparência, ética e identidade comunitária tornam-se centrais.

Especialistas apontam que o uso de IA em campanhas públicas pode ser bem-vindo, desde que haja clareza quanto à origem do material e respeito às características culturais locais.

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